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segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dinah Botelho Capdeville


(Foto: Dinah Botelho Capdeville)

A primeira aviadora, mulher, diplomada em Minas, foi Dinah Botelho Capdeville uma leopoldinense nascida em 15 de setembro de 1913.

Dinah é filha de Nestor Capdeville e de Hermínia Botelho Capdeville. Cursou o Colégio São José, das irmãs Lintz, na Rua Barão de Cotegipe. Com o pai, Nestor, assimilou noções de administração indo trabalhar por dois anos na Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina, mais precisamente entre janeiro de 1943 e dezembro de 1945.

Aos 24 de janeiro de 1945 titulou-se com a Carteira de Piloto da Aeronáutica Brasileira, para recreio e desportos. No curso para obtenção desse brevê, por sua perícia e vocação, sobressaiu-se dentre os melhores alunos da Escola, tornando-se a primeira mulher a pilotar um avião em Minas Gerais.

Pouco tempo depois, Dinah foi incluída entre os pilotos solicitados a efetuar buscas a uma aeronave desaparecida, no dia 12.11.1948, nas matas da serra de Petrópolis, com dois leopoldinenses a bordo. Eram eles, o piloto Elias Mattos, seu colega de turma, e o empresário Antonio Resende Peres, também conhecido como “Totônio Peres”, ex-goleiro do Ribeiro Junqueira com passagem pelo América F.C., do Rio de Janeiro.

Infelizmente, as procuras resultaram infrutíferas e os desaparecidos, com os destroços do avião, somente encontrados ano e meio depois, ao pé do chamado “Pico do Papagaio”, por um colono da região. A identificação dos corpos, naquela época em que nem se cogitava de exame pelo DNA, só foi possível através das alianças encontradas entre os ossos das vítimas.

Como todo aviador, Dinah adorava voar. O Dr. Francisco Mendonça Gama, nosso estimado Chiquinho Gama, certamente dos mais perspicazes anotadores do folclore leopoldinense, conta que os “pousos” de Dinah no Aeroporto de Leopoldina, que se situava na várzea onde hoje está o Estádio do RJ, eram divertidos... Deleitava-se ela em fazer várias aproximações e arremeter o avião. Ou seja, vir baixando como quem vai pousar e, de repente, aprumar a aeronave em novo vôo.

Um dia alguém comentou: - “Será que ela não pretende pousar nunca?” Ao que um outro respondeu: - “Quando a gasolina estiver acabando ela desce...”

Dinah, em sua mocidade, marcou época também como grande desportista no vôlei e no basquete. Ficou célebre um torneio de vôlei disputado no Clube Leopoldina, no início dos anos 50, quando o time em que jogava saiu campeoníssimo graças às violentas cortadas do alto de seu metro e oitenta de altura.

Carnavalesca apaixonada, organizava e participava de animados blocos que contagiavam as ruas da cidade e os salões do Clube Leopoldina.

Dinah Botelho Capideville é, portanto, dos personagens de vida mais marcante e exemplar de nossa terra. Mas talvez o feito que mais lhe haja proporcionado alegrias ao coração tenha sido poder ajudar sua irmã Ester que, residindo na zona rural, por um certo tempo precisou apoio para seguir na educação dos filhos. Entregou-os a Dinah, com a responsabilidade de orientá-los e prover-lhes o estudo. Desta tarefa ela se desincumbiu com desvelos de uma verdadeira mãe, vindo a ganhar dos sobrinhos o carinhoso apelido de Tia Grande.

Em 1971 Dinah transferiu residência para o Rio de Janeiro. Os últimos anos de sua vida, segundo relato de seu primo Joseph Gribel, ela os passou na tranqüilidade de seu apartamento do Largo do Machado, tendo como grande alegria falar dos bons tempos e de sua linda mocidade nesta Leopoldina de tantas saudades. Faleceu no Rio de Janeiro a 26.06.2005.
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(NOTA: Agradecemos os principais dados colhidos para esta biografia ao amigo Joseph C. Gribel, que no-los passou a 06.02.2004)

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8 comentários:

  1. Pedro Wilson Carrano Albuquerque1 de março de 2010 às 12:50

    Caro José do Carmo,
    Só agora fui conhecer seu blog. Excelente! Estava lendo o artigo sobre Dinah Capdeville. Lembro-me da animação da prima quando nos visitava em Recreio ou em Leopoldina. No Natal, costumava vestir-se de Papai Noel para animar as festas de fim de ano. Tive a oportunidade de falar-lhe algumas vezes quando ela residia no Rio de Janeiro e o ânimo era o mesmo dos tempos em Minas. Ajudou-me muito quando eu estava elaborando a genealogia da Família Albuquerque, de que fazíamos parte (meu avô Franklin de Albuquerque era irmão de sua avó, Maria de Albuquerque, esposa do francês Capdeville Baptista). Ela dizia que a vontade de voar era antiga, principalmente quando ouvia meu pai narrar sua experiência na Aviação Naval.
    Pedro Wilson Carrano Albuquerque

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  2. Obrigado, Wilson, sua manifestação enriquece esta biografia. Afinal, vinda de um respeitável cultor da história de nossa região e, no caso, um parete chegado da biografada.
    Abraço,
    jCarmo

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  3. José do Carmo,
    Hoje, pesquisando na internet encontrei o seu blog- quantas saudades!!!!!!!!!
    Tia Grande foi a maior prova de amor que recebi; me acolheu com 3 meses de vida e sempre esteve a meu lado, e acho que continua, mesmo depois de sua partida em 2005. Para mim, ela e inesquecível.
    Obrigada pelo seu texto e um grande abraço.
    Nancy Capdeville Werneck ( filha da Esther)

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  4. Nancy,
    Sempre ouvi elogios à Dinah. Sempre ouvi menções elogiosas a seus feitos, sobretudo no esporte, no Clube Leopoldina.
    Saí de Leopoldina, para o Rio, em 1958, após o ginásio. Pessoalmente, não conheci Dinah em Leopoldina e, infelizmente, morando por décadas no bairro Laranjeiras (tão próximo dela, no Largo do Machado), também não a conheci, no Rio. Uma pena!
    Ela fez jus a ser incluída na história de nossa terra. Parabéns por ser sobrinha de Dinah.
    Grande abraço,
    jcarmo

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  5. Nossa que emocionante! Adorei o blog, sempre procuro informações sobre a familia e essa me remeteu a muitas coisas boas. Sou neta do Celso Capdeville (irmão da Dinah), e me lembro bem das visitas na casa das tias no Largo do Machado, sempre fui recebida com muito carinho, mta saudade. Hoje estou fazendo curso de piloto e pretendo seguir a carreira da TIA GRANDE, quem sabe essa paixão esta no sangue..rs!
    Obrigada pelo texto e pela homenagem a essa GRANDE pessoa. Adorei!!
    Duanny Capdeville

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  6. Obrigado pela leitura, Duanny.
    Quando terminar o curso, considere a possibilidade de convidar-me para um sobrevoo sobre Leopoldina. Vinha "medindo o pulo" para fazer isto num teco-teco do amigo Ivan. Na verdade com muito medo, pois o Ivan, que era um radiotécnico, era também o próprio mecânico de seu "aeroplano"...
    Pessoa maravilhosa, grande amigo, Ivan foi traído pelo coração e faleceu prematuramente, há cerca de dois anos atrás.
    Sucesso em sua carreira.

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  7. Paulo Cesar França Capdeville1 de janeiro de 2011 às 22:53

    Cara Duanny
    Li seu comentário acima e gostaria de saber de quem vc é filha, Cajú, Angela ou Sérgio ? Sou sobrinho de seu avô Celso, e também de sua/nossa tia Grande. Tenho um filho Comandante na aviação comercial e sabendo dos ossos do ofício, coloco-me a sua disposição para alguma orientação que possa ajudá-la.
    Um grande abraço e boa sorte
    Paulo Cesar França Capdeville

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  8. Caro Paulo Cesar, sou filha do Sergio Capdeville,sobrinha da angela e da Cajú, meu pai tb era piloto de helicoptero,agora mais do que nunca percebo que isso é genetico..rs! Qual seria o nome do seu filho? sou comissária da empresa webjet e ja me perguntaram se eu era parente de um comandante, não sei se seria o seu filho. Agradeço mto pelo seu apoio! Me coloco a disposição para qualquer coisa tb! Grande prazer.
    Duanny Capdeville

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