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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Aos Cuidados do Mar

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Vê, caminheiro, como te servem amigas estas flores,
Amarelas, vivas, furta-cores,
Olores de madrugada no rigor da estrada.
Erga teus olhos desvanecidos
E não te abstenhas
De reverenciá-las com um sorriso.
Esquece tua noite,
Aplaca a frustração cabisbaixa
Dos teus olhos aflitos.
Espera o dia, ó trôpego carregador de sonhos,
Em que as flores prevalecerão.
Nuvens negras desertarão o azul
E uma possibilidade de primavera inquietará
A invernia dos tristes.
Numa ilha ideal que os passarinhos elegeram
Um poeta demenciado
Sepultará na areia, aos cuidados do mar
Fragmentos roídos de penas e malfados.


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terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Praias de Minas Gerais



***

Eu vim de Minas
Eu vim das serras
Eu vim de onde
O olhar se perde

E o azul esconde
O que é lonjura ou céu.

Mas além, depois dos longes
Aguaram-se os meus projetos
Constou remota a esperança
Melaram planos em aberto.

Por isto, ideais que eu tinha
Agora não tenho mais
Meus sonhos pulcros de moço
São praias de Minas Gerais.

São praias de Minas Gerais!
Praias de Minas Gerais!

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(1985)

Canção Suprema

***


Um dia hei de compor uma canção suprema,
De verter raios de sol pelas palavras
E tisnar os instrumentos
Com arenito dos astros.

Uma canção de ouvir em noites cálidas,
Na intimidade dos anelos mais gratos
e das lucubrações silenciosas.

Portadora de harmonia soberana
E acordes de empréstimo
Às criaturinhas delicadas da natureza,
aos pássaros cantores
E aos pequeninos insetos trinantes.

Uma serenata de aguçar o brilho sutil
nos olhos espantados
Dos répteis
E das aves noturnas.

Que toque de muito perto a santidade dos projetos divinos,
Aqueles em que Deus haja infundido os mais claros
Sinais de Sua precedência.

Excelsos acordes que ouvidos humanos jamais alcançaram
Hão de comover, no céu, o próprio Menino Deus e Santa Terezinha de Lisieux,
Mãe de humildade e doutora da Igreja.
Acordes sob os quais se reunirão os anjos
E as almas que se salvaram pela música.

Uma canção em razão da qual todos venham a pedir silêncio,
Todos... sem exceção e sem qualquer aviso
De que eu a compus, exclusivamente, para você,
Mulher.

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(1985)