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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Papo meio besta

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-E essa situação da política, hem Compadre, como é que você está vendo a coisa?
-Bom, a bem dizer eu ando meio descorçoado de política, que é uma contrariedade só, mas vejo como todo mundo vê. Uns puxando pra um lado, outros puxando pro outro, e a gente aí no meio do rebuliço sem entender direito o rumo da coisa.
-As pesquisas de opinião vêm dando a candidata do Lula na frente.
-Governo sempre foi governo, não é Compadre. Se perguntar, ninguém é um desatinado de dizer que é contra o governo. O problema é levar fé no que os outros falam. Tem muita gente que falseia no que diz. Ó se tem!
-Sim, mas mesmo considerando que alguns podem mentir, a vantagem dela parece que é grande. Você acha que ela é uma boa candidata?
-Ruim ela não deve ser, não. Com tanta gente achando que ela é boa...
-O problema é que não tem muita gente achando que ela é boa, Compadre. Só uma pessoa acha que ela é boa candidata: o Lula. O número de pessoas que acreditam no que o Lula fala é que é grande. Do outro lado há os que entendem que o Serra, além de ser mais estudado, tem mais experiência na vida pública.
-Agora você falou tudo. Bem preparado ele é. E não é de hoje que ele vem aí nas concorrências. Só vagueia de banda, por aí, umas calúnias dando fé de que ele não é simpático.
-Mas aí empata, porque a Dilma também não é simpática.
-Vai ver o Lula acha que é, uai!
-E em Minas, como fica a coisa? Será que o candidato do governador também ganha?
-Bom, nunca se sabe, né. Tem os que dizem que sim, tem os que dizem que não. Nessa toada...
-O Aécio está confessando, na propaganda do rádio e da TV, que o Anastasia foi quem realmente governou Minas. Chega a referir-se ao próprio governo, dele, como “governo Aécio/Anastasia”. É esquisito, não é? O eleito para o cargo foi ele ou o Anastasia?
-É, mas indo lá e voltando cá, muitas vezes acontece também de um candidato ser eleito pro Senado e mandar outro, que a gente nem dá conta de quem seja, ficar de senador no lugar dele...
-Você está querendo dizer que o concorrente do Anastasia ao governo de Minas, Hélio Costa, aceitou ser ministro e deixou seu suplente no exercício da senatoria, de 2005 até hoje? É isto?
-Não, eu não falei assim! O senador é uma pessoa correta e tinha todo direito de aceitar o ministério. É um homem bom que se não fossem umas mutretas que arrumaram aí – Mas vamos largar isto de mão! – já tinha sido governador de Minas. O que eu falo é que, às vezes, essas coisas acontecem. A encrenca está na lei, na regra do suplente. Os políticos enfiaram aquilo lá como trampolim de barganhar com empresários o financiamento das campanhas deles. Tô te dizendo! Já houve casos do suplente, financiador da campanha, nem era nativo do Estado que ele acabou representando no Senado. Era pau-rolado de outras procedências!
-Não diga, Compadre! Só falta você me dizer que pode, por exemplo, um carioca comprar uma cadeira de senador por Minas e, depois, com o nome feito, ganhar fácil pra deputado federal.
- Ué, pode acontecer. A pessoa toma gosto.
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(Publicada a 26.08.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

domingo, 15 de agosto de 2010

Moacyr Rodrigues de Almeida

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Agosto, 2007

Pai da historiadora e genealogista leopoldinense, Nilza Cantoni, Moacyr Rodrigues de Almeida, nasceu aos 11 novembro de 1928 e contava 78 anos de idade quando faleceu, a 21 de agosto de 2007, na cidade de Juiz de Fora.

Era filho do leopoldinense, Sebastião Dietz de Almeida, antigo comerciante de bebidas, em Leopoldina, e leiloeiro das antigas festas da Igreja do Rosário. Sebastião, pai de Moacyr, foi casado com Maria Magdalena Rodrigues Ferreira, natural de Itapiruçu, cidade onde o casal viveu até 1934, quando se transferiu para Leopoldina.

Moacyr começou a vida como alfaiate, profissão que exerceu em Leopoldina até o ano de 1955. Naquele ano tornou-se sócio de seu pai no depósito de bebidas, situado na atual Rua Presidente Carlos Luz, bem em frente à Travessa Pedro II.

Mercê de seu notável espírito de solidariedade com o próximo, desde muito jovem tornou-se confrade da Sociedade São Vicente de Paula. Era católico praticante, profundamente vinculado a atividades beneméritas.

Casou-se com a também leopoldinense, Celina Rodrigues, em 12 de setembro de 1951, ela filha de João Caetano Filho e Odila Rodrigues Gottardo.

Em 1972 a família mudou-se para Juiz de Fora, mas jamais se desligou de Leopoldina. Por volta de 2002, já aposentado, montou apartamento em Leopoldina, no edifício fronteiriço ao Asilo Santo. Nesta cidade costumava passar grande parte do ano.
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Dando asas à sua natureza alegre e caritativa, no fim de cada ano transformava-se em “Papai Noel” em shoppings de Juiz de Fora e também em festas particulares, de creches ou casas de repouso para idosos. Tinha especial predileção por bons filmes, tendo sido um assíduo freqüentador de Cine Theatro Alencar, quando residiu em Leopoldina.

Moacyr jamais se deixou abater pela tristeza, nem mesmo nos últimos meses de sua vida, quando soube ser portador de um linfoma. Continuou espirituoso e sempre alegre. Falava da doença aos amigos com tranqüila naturalidade, discorrendo sobre as particularidades do tratamento que vinha fazendo.

A doença que o vitimou foi diagnosticada em novembro de 2006. Ele sempre soube da gravidade e dos riscos. Não obstante dizia não ter medo de morrer e que aceitaria a morte para quando Deus o determinasse.

Foi, marcadamente, um homem aberto a novidades. Em 1996, já com 68 anos, matriculou-se numa escola de informática e logo depois comprou um computador, passando a fazer, em casa, diversos cursos.

Em suas palavras, a internet tornou-se uma grande aliada porque permitia que se comunicasse diariamente com filhos, netos, sobrinhos e amigos.

Outro hobby de Moacyr foi pesquisar o passado de nossa região. Ajudava muito sua filha, Nilza, a recolher informações sobre os primórdios de Leopoldina e adjacências, empreendendo viagens a cidades e a vilas vizinhas em busca de documentos.

Ao final da vida viu-se diabético, passando a cuidar de sua saúde com redobrado empenho. Freqüentava a Associação de Diabéticos e gostava de estudar tudo a respeito da doença.

Preocupava-se também com a degradação do planeta, razão pela qual estimulou uma de suas sobrinhas, pedagoga, a escrever um livro de orientação ecológica, para as crianças.

Moacyr e Da. Celina tiveram os filhos: Nilza, Norma e César, nascidos em Leopoldina. Norma, casada com o leopoldinense José Mauro Fois, vive em Salvador com os filhos Fabíola, Fabrício e Letícia. César, casado com a juizforana Walkiria de Barros Mattos, reside em Santos, SP.
Nilza, casada com o juizforano Moysés Cantoni Santos, vive em Petrópolis e é mãe de Juliana e Carolina.

Esse homem de lembrança tão grata a todos que o conheceram, foi sepultado no túmulo da família, no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, de Leopoldina, no dia 22 de agosto, de 2007.
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(Publicada no jornal LEOPOLDINENSE de 31 de agosto de 2007)

Paulo Lisboa

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Setembro, 2007

O Jornal LEOPOLDINENSE, edição de 15 de setembro de 2007, registrou o falecimento, ocorrido a 5 de agosto último, do senhor Paulo Lisboa, uma das pessoas mais queridas da comunidade leopoldinense.

Nascido em 3 de maio de 1915, Paulo contava 92 anos, filho de Luiz do Amaral Lisboa e de Maria da Conceição Lisboa. Era casado com Da. Lilía Lisboa, já falecida, com quem teve os filhos Paulo Roberto Lisboa, artista plástico e José Fernando, engenheiro, falecido.

Era irmão do Dr. Moacyr do Amaral Lisboa, famoso professor de mineralogia e botânica da Universidade Federal de Ouro Preto, entidade educacional da qual foi também reitor; de Pedro Lisboa; de Da. Carmosa, esposa de Francisco Resende; e de Da. Júlia, esposa de Pedro Pacheco.

Como Secretário do velho Colégio Leopoldinense, desde os tempos em que o Botelho Reis pertencia à Diocese de Leopoldina, Paulo Lisboa passou por várias gerações de professores e alunos do nosso tradicional educandário, até aposentar-se em 1983.

Tal o amor e a dedicação de Paulo pelo Colégio que, mesmo aposentado, jamais se desligou da escola. Continuou informado de todos os problemas, de tudo dando conta e por lá aparecendo com a maior solicitude sempre que necessário.

Segundo o Professor e ex-Diretor do Colégio, Geraldo Bertocchi, Paulo Lisboa foi um servidor de inigualável integridade e insuperável dedicação ao trabalho. Como Secretário de instituição, era o encarregado de fazer os pagamentos a funcionários e professores. Houve ocasião – lembra o Prof. Bertocchi - que já estando com o numerário nas mãos para o pagamento da folha no dia seguinte, Paulo, diante da necessidade urgente de uma pequena quantia, pediu-a emprestada ao Diretor, que lhe ponderou: “Ora, Paulo, você já não tem em mãos o dinheiro do pagamento mensal que fará a todos, e a si mesmo, amanhã? Por que não assina o próprio recibo hoje, adiantando em um dia seu próprio pagamento?”
Ao que Paulo retrucou: - De maneira nenhuma. O dia do meu pagamento é amanhã...
E conclui o Prof. Geraldo: - Paulo era intransigentemente honesto!

Foi, portanto, fazendo merecida justiça a esse servidor exemplar que o atual Diretor da Escola Estadual Professor Botelho Reis, professor Fernando M. Vargas, determinou que o corpo de Paulo Lisboa fosse velado na Secretaria do Colégio.

Deixou o falecido, além do filho Paulo Roberto, os netos Felipe, Rodolfo e Thiago.
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(Publicada no jornal LEOPOLDINENSE de 15 de setembro de 2007)

Casa de Caridade Leopoldinense & Pronto Socorro


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Junho, 2006


Foto: Posse da Mesa Administrativa do Hospital período 1999/2001 - da esq. para a direita: Rogério de A. Junqueira (Representando, Arlen José Fontes Freire - Tesoureiro), Francisco Mendonça Gama - Secretário, José do Carmo Rodrigues - Provedor, Dr. Sérgio Maranha - Diretor Clínico, Nelito Barbosa Rodrigues - Administrador, Sérgio Roberto Vitoi - 2º Secretário

Esta história é antiga. Só mudam os personagens.
A Casa de Caridade Leopoldinense notificou extrajudicialmente a Prefeitura de Leopoldina, de que resolveu rescindir o convênio firmado entre as partes para o funcionamento do Pronto Socorro Municipal nas dependências do hospital. Na mesma notificação extrajudicial a Casa de Caridade se propõe a ceder à Prefeitura as instalações onde funcionam hoje os serviços de urgência e emergência, em regime de comodato, por prazo a ser acordado, o que significa que se a Prefeitura se interessar em instalar e administrar o Pronto Socorro Municipal poderá fazê-lo no mesmo local onde funciona hoje, mas sem responsabilidade da Casa de Caridade Leopoldinense. De acordo com a notificação extrajudicial a Prefeitura tem prazo até o dia 10 de agosto para assumir o Pronto Socorro.

O Provedor da Casa de Caridade Leopoldinense, José Valverde Alves, disse ao jornal LEOPOLDINENSE, que o motivo da rescisão do convênio se prende aos limites físicos e orçamentários atribuídos à CCL pela Programação Pactuada Integrada (PPI) que não autoriza mais de 300 internações por mês.

Para Valverde, esse número está sub-dimensionado, pois a população estimada para atendimento é de 155 mil pessoas considerando os municípios vizinhos que estão na cota da CCL. Isto significa que para cada 534 pessoas somente uma por mês tem o direito de internar-se no hospital, pelo SUS, exemplifica o Provedor. “Se você levar essa situação para os casos de cirurgia, assevera Valverde, a coisa fica pior pois só podemos realizar 66 cirurgias por mês, o que vale dizer que para cada 2.348 pessoas somente uma pode fazer uma cirurgia, pelo SUS, mensalmente. O que passar disto, o SUS não paga.

O provedor conta que a partir de outubro de 2004, quando foram iniciados os cortes de verbas, a CCL veio acumulando excesso de internações que não pode faturar em virtude do teto orçamentário, pois o SUS não aceita que o limite seja ultrapassado. No entanto - é ainda Valverde quem diz - “...a partir daquela data o número de pacientes atendidos pelo SUS sempre foi superior ao limite estabelecido e foram sendo represadas para faturamento futuro, chegando ao mês de agosto de 2005 com um total de 980 internações pendentes, que representam um total de R$390 mil reais, verba esta que teria de ser repassada pelo Governo do Estado.

O Provedor lembra que o hospital da CCL é o único da cidade e que mesmo com o limite de atendimento já esgotado é obrigado a praticar os atendimentos, porque os casos de urgência não podem deixar de receber socorro. E assim - aduz o Provedor - ficando sem faturar, a CCL entra a atrasar pagamentos a fornecedores de materiais e de medicamentos, indispensáveis ao atendimento.

Hoje, encontram-se no setor de faturamento mais de 600 internações pendentes de pagamento, perfazendo um total de R$220 mil reais. Os gestores da saúde, tanto na área estadual como na área municipal, têm conhecimento dessa situação.

Valverde exibe cópia do Oficio Circular nº 014/2005, assinado pela Secretária Municipal de Saúde, Lucia Helena Fernandes da Gama, onde ela diz: “...é com grande pesar e insatisfação que informamos a V.Sa que por determinação da Secretaria Estadual da Saúde o teto/físico orçamentário da PPI-Programação Pactuada Integrada foi reajustado de acordo com a primeira PPI de três anos atrás....informamos-lhe, ainda, que em conjunto com secretários municipais de quatro DADS, estamos pleiteando junto aos órgãos competentes a revisão desta PPI, pois todos somos sabedores de que não é possível uma entidade sobreviver e prestar bons serviços com este teto financeiro”.

O teor desta correspondência é um reconhecimento, por parte da Secretária Municipal e, claro, do Sr. Prefeito, da realidade que vive o hospital. Explica Valverde que:

“Os principais motivos da denúncia do Convênio do Pronto Socorro pela Casa de Caridade são o teto orçamentário fixo mensal que é extrapolado constantemente. A maioria das internações realizadas pela CCL provém de atendimentos feitos no Pronto Socorro Municipal, o que torna difícil controlar a quantidade de internações, porque o paciente chega lá, o médico atende, vê a necessidade de internação e não pode deixar de pedi-la”.

Ou seja, mesmo com o teto atingido, o Hospital não pode deixar de internar e não tem a quem recorrer. A Portaria nº 2.048 de 5 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde determinou que até o ano de 2004 todo município teria que implantar uma Central de Vagas para controlar a regulação médica das urgências e emergências.

Em resumo, complementa Valverde: “A Casa de Caridade Leopoldinense não pode continuar sendo responsabilizada pelo excesso de internações que pratica. Quem tem que fazer isso é a Secretaria Municipal de Saúde, o que não vem ocorrendo. Por outro lado, a Casa de Caridade continuará atendendo os usuários do SUS dentro das normas estabelecidas pela legislação atribuída aos hospitais em geral”.

Assim sendo, o Provedor informa à população, que a partir do dia 10 de agosto de 2006 o Pronto Socorro será administrado pelo Município.

A VERDADE VERDADEIRA

Mais uma vez entrará no foco das atenções uma queda-de-braço entre a Prefeitura e a Provedoria do Hospital, a propósito da entrega do PS à municipalidade. Na origem da questão está a inviabilidade do modelo nosocomial representado pela Casa de Caridade Leopoldinense, um Hospital que o Sistema Único de Saúde – na teoria, perfeito - tornou, empresarialmente, inviável.

Os constituintes de 1988, ao instituírem, demagogicamente, o SUS, na Seção II, Capítulo II, do Título da Ordem Social, acharam que podiam resolver o problema da saúde dos brasileiros pobres com a simples inserção de “artigos milagrosos” no texto Constitucional. A ninguém ocorreu a pergunta que cabia:
- Quem financiará?
Os recursos orçamentários previstos no art. 195 da Constituição jamais serão suficientes para bancar saúde plena a 185 milhões de brasileiros (estimativa do IBGE, ano 1995).

Mesmo países desenvolvidos e ricos enfrentam dificuldades no setor. Uma meia-solução para minorar os problemas seria a imediata criação de impostos ou aumento dos já existentes. Mas sabemos todos que a sociedade brasileira não está disposta a aceitar aumento de impostos em montante suficiente para bancar a saúde pública. Mesmo porque é um balaio sem fundo. Os meios diagnósticos e tratamentos crescem em evolução vertiginosa, ficam cada dia mais sofisticados e caros, falindo até Seguros de Saúde de âmbito internacional.

Sendo assim - e assim é - não adianta brigar. Falta pão e ninguém tem razão. A situação da saúde no Brasil, como em qualquer país pobre ou emergente, é dramática.

No caso específico de Leopoldina, sempre estivemos a braços com a inviabilidade econômica do nosso Hospital e com os problemas (que são os mesmos) do Pronto Socorro. A Prefeitura certamente resistirá à “devolução” do PS porque o Prefeito sabe que não dispõe de verba para arrostar o déficit crônico a que o serviço está condenado. Aceitando, desgasta-se em poucas semanas. Por uma razão tão simples quanto límpida: o Pronto Atendimento é deficitário! É dependente de custos que não são cobertos pelo SUS, principalmente pela ultrapassagem de limites.

Será sempre oneroso porque ele é a própria SAÚDE PÚBLICA do Município. Há uma tendência de convergir para o Pronto Socorro do Hospital todas as necessidades médicas da população. E, quanto melhor e mais bem aparelhado ele estiver, maior será a convergência – tanto da população da cidade, quanto dos distritos e das cidades vizinhas. Claro, convergência na direção do SUS, em detrimento, portanto, de consultórios e clínicas particulares. Por isso, talvez, haja até quem prefira que ele não funcione... ou que funcione mal... (Censurado será quem maldade pensar!)

Uma coisa, entretanto, é muito clara: o Pronto Socorro é da Prefeitura. Não é do Hospital. Funciona no Hospital em razão de um antigo Convênio. Exatamente o Convênio que se pretende extinguir. Tentativas nesse sentido já foram feitas no passado. Mas todos os prefeitos resistiram a receber de volta o Pronto Socorro, por verem nele - como sugerido acima - uma batata quente... O Pronto Socorro é, de fato, uma batata quente.
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(Publicado no jornal LEOPOLDINENSE de junho de 2006)

Querendo Entender

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Janeiro, 2006

Clepto, do greco klépto = Roubo, roubar; Cracia, do greco krátia = Governo, autoridade; CLEPTOCRACIA = Governo de ladrões (fonte: Dic. Aurélio).
Vide relatórios das CPIs. As provas nos inquéritos parlamentares dão conta de que não há muita falsidade nas acusações recíprocas entre petistas, peessedebistas e pefelistas. É tudo verdade. O que nos leva a outra realidade terrível. O Brasil saiu de uma ditadura, no final do governo Figueiredo, e entrou numa CLEPTOCRACIA desvairada. Governo Itamar à parte, a truculência deu lugar à pilhagem. Confesso que não tenho saudade da ditadura. Mas tenho pena deste Brasil vítima do baixo padrão moral de grande parte de seus homens públicos. E, claro, da estupidez incomensurável do povo infeliz que os elege. Aliás, a maneira desastrada como o povo brasileiro escolhe representantes é garantia constante de horizontes nublados.

▪Tio Candim, enxadeiro, filósofo e macumbeiro dos meus bons tempos de criança, acha que os partidos políticos brasileiros se comportam como facções clandestinas. Acerta pela média. O PT que emerge das CPIs em andamento, com valerioduto e cuecas recheadas, mereceria melhor classificação? E o PMDB da suspeitíssima contumácia no Ministério dos Transportes, do Estevão, do Governo Sarney, do Newtão, do Quércia, do Genebaldo, do Barbalho, do Zé Geraldo “Quinzinho”? E o PFL da grana de responsa nas burras da Roseana, das loterias do João Alves, do painel eletrônico do ACM avô, do Fiúza, da fidelidade canina ao Collor e ao PC? E o PTB do Jéferson, do Queiroz, da Sra. Cândido? E o PSDB do Senador Arruda, das obscuridades do Azeredo, do governo FHC nas privatizações opportunitysticas do Mendonça de Barros, do limite ricardiano da responsabilidade? E o PL do Mabel, do Costa Neto, do Bispo Rodrigues? Ó tempos, ó costumes!

▪Não há exagero em dizer que as próximas eleições se resumirão a uma luta entre amigos do alheio para definir quem se ocupará dos cofres públicos nos quatro anos seguintes. Ou seja, votaremos pela permanência de larápios ou pelo rodízio deles. Uma escolha entre o que aí está e o que aí esteve.

▪Vira e mexe o assunto Previdência volta à tona. Previdência diz respeito ao bolso, ao estômago, à saúde e ao futuro de cada um. Mesmo lembrando que no longo prazo estaremos todos mortos, incomoda o temor de que, antes, possa vir miséria e abandono. Uma previdência falida e sem perspectivas de sustentação é espada de Dâmocles sobre nossas cabeças. O problema não é só brasileiro. Sabe-se que a população economicamente bem situada, nos países desenvolvidos, vem tendo um filho por casal no máximo dois. A dúvida é: como, numa sociedade sempre mais competitiva, esses (poucos) filhos irão prover os custos previdenciários dos pais – cuja longevidade aumenta? Complicadíssimo! A ameaça futura pode ser penúria na velhice, já que também os salários descem a níveis asiáticos.

▪O nivelamento por baixo, feito principalmente pela TV quando deixa que o grande público, via institutos de pesquisa, lhe fixe a pauta dá que pensar: - Quem está educando a quem? A TV educa o povo ou o povo educa a TV? Veja essa interessante minisérie “JK”, da Globo. Para contar a história de um grande estadista já enfiaram, desde os capítulos iniciais, cenas de sexo explícito (inclusa uma de estupro não convencional) e um altíssimo percentual de tomadas em bordel. Tudo para atrair o grande público em cima da propalada natureza boêmia do legendário Juscelino. Não é que esteja ruim, mas podiam pegar mais leve, né?

▪Tome gafe. Não faz muito tempo, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B - SP) depois de almoçar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Viçosa, Alagoas, saiu com este comentário: “- De tanto falar de política, ele parecia Lázaro escolhido por Cristo para ressuscitar”.
Vê-se que nossa Câmara de Deputados não anda bem servida de presidente, ultimamente. Se depois de almoçar com um homem público do nível de FHC, Aldo foi capaz de tal comentário grosseiro, ele carrega, para mim, uma virtude e um defeito. Como virtude, a verve - sem dúvida notável; o defeito seria a falta do legado doméstico do berço e seus consectários de natureza ética.

▪E vai noticia do Oriente Médio! Entendo, até prova em contrário, que a importância de Israel e Palestina é estratégico/militar, tão somente para os Estados Unidos. O espalhafatoso destaque que nossa imprensa dá a cada incidente de rua ocorrido por lá me soa como macaqueamento de preocupação alheia. O território geográfico de São José do Rio Preto, SP, por exemplo, é muito mais importante para o Brasil e eu, nascido na Lajinha, pras bandas dos Carrapatos, não sou informado sobre quem é o prefeito de lá.

▪Vou transcrever declaração do Sr. Rodrigo de Rato, diretor-gerente do FMI, à TV: “O que posso dizer é que o Brasil não tem há mais de uma geração uma oportunidade tão boa como tem hoje de assentar-se num caminho de crescimento. A economia brasileira é dinâmica, com um futuro promissor. Crescerá mais em 2006 do que cresceu em 2005, com menos inflação, custo menor de sua dívida, menos pobreza e mais emprego. Isso foi obtido depois de muitos esforços, mantendo uma política macroeconômica que garante a estabilidade. Creio que é do interesse dos brasileiros não perder tudo o que foi alcançado e continuar trilhando o caminho de uma economia que dará resultados cada vez melhores. (...) Queria lembrar que, em outros momentos em que o ambiente internacional foi favorável, o Brasil não se beneficiou da mesma maneira. É verdade que hoje a situação internacional é mais favorável, mas também é verdade que os brasileiros fizeram muitas coisas na direção correta para colher os benefícios”.

Nada tão claro: o diretor do FMI está com o Palocci e não abre. A única crítica, aliás, que se poderia opor ao PT, hoje, é que o governo Lula conduz a política econômica exatamente como o PSDB o faria. Ou seja, na área econômica há continuísmo. Mas que o Palocci tem defensores importantes, tem. O que explica a percepção corrente de que o establishment (leia-se, quem está por detrás do poder, no Brasil) confia mais no Palocci que no Serra.
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(Publicada no Jornal LEOPOLDINENSE de 30 de janeiro de 2006)

Repensando Leopoldina

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Fevereiro de 2006

No último número do Jornal LEOPOLDINENSE, o jornalista Luiz Otávio, com seu proverbial senso de oportunidade, examinou lista de candidatos potenciais ao posto de Deputado Estadual por Leopoldina, no próximo pleito de 3 de outubro. Como sempre, aquele atento jornalista foi ao ponto. Leopoldina tem que trabalhar para tentar resgatar sua representação na Assembléia Legislativa de Minas e, queira Deus, se possível, na Câmara dos Deputados.

Os nomes lembrados por Otávio - Zé Roberto, Bené Guedes, Emanuel, Ivan e Iolanda - integram segmento importante da representação leopoldinense, mas aos indicados pode-se acrescentar, ainda, políticos como do ex-deputado Sérgio Naya, cujo impedimento por cassação se expira no próximo dia 15 de abril.

Naya, segundo o Correio Brasiliense de 29/01/2006, pretende retomar sua carreira política e preside, hoje, o PSC de Laranjal. Candidata-se, portanto, ao que quiser na hora que quiser.
Com direitos políticos cassados por 8 anos, em verdadeiro linchamento político promovido pela grande imprensa na esteira do acidente com o Palace II, Barra, Rio, seguido de alguns equívocos lamentáveis, Naya vem de ser absolvido, pela unanimidade dos desembargadores que compõem a 7ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, do crime de responsabilidade naquele desabamento. Tem até 5 de junho para decidir e legitimidade absoluta para retomar sua carreira política, com a credencial de Deputado Federal mais votado em Minas nas eleições de 1990.

O importante é que o trabalho do Luiz Otávio põe a gente pra pensar que os leopoldinenses devem acordar logo para a triste realidade política que vivemos. Temos que nos unir em torno de UM NOME e arrancar Leopoldina da vigente ORFANDADE POLÍTICA. Vamos esquecer essa “bobajada” de partidos, essas siglas inexpressivas que, neste Brasil partidariamente desverticalizado, nada representam.

Vamos escolher DOIS NOMES e fecharmos com eles. Não interessa se um ou outro é mais simpático a mim. Interessa é apoiar um leopoldinense com condição de vitória. Se for o caso, que se acrescente à lista do Luiz outros nomes. Temos aí, também, o Márcio Freire, a Dra. Beatriz, o Roberto Freire, o Marcinho Pimentel, o José Newton Oliveira, o Dr. Iano, o André Fernandes... Gente boa, e em condições, é o que não falta. Falta Leopoldina usar o “desconfiômetro” e caminhar unida nesta hora em que UNIR FORÇAS revela-se mais inteligente.

Leopoldina não tem COLÉGIO ELEITORAL tão grande que, sozinha, possa competir com outras cidades para a Assembléia Legislativa e para a Câmara Federal. Vamos perder, sempre! Não podemos ter dois “exércitos” e dois uniformes. Vamos lutar juntos, gente. União agora!

Se tivéssemos nesta cidade um CORONEL, como nos velhos tempos, ele mandaria um ultimato a cada presidente de partido: “A ordem é apoiarmos o Fulano. A cidade precisa!”.
Pois bem, não estamos mais no tempo dos Coronéis. Vivemos um tempo de liberdade, de livre arbítrio, de democracia. Que isto não sirva para agirmos desorganizadamente, como paspalhos, como burros. Vamos pensar realisticamente! Sugiro que os presidentes de partidos promovam uma reunião entre eles, EM NOME DOS SUPERIORES INTERESSES DE LEOPOLDINA e, após avaliações, entendimentos e até os acertos que caibam, decidam:
- Leopoldina fecha com Fulano para Deputado Estadual e com Beltrano para Deputado Federal.

Vamos lá? Tenho certeza que feitos os entendimentos nada irá faltar. Nem financiamento nem entusiasmo. Se a classe política FECHAR PELA CIDADE, o comércio e a inteligência leopoldinenses também fecham e, todos, “chegamos juntos”!

Tudo o que fomos no passado, tudo que temos, tudo aquilo de que nos orgulhamos hoje, é fruto de um tempo em que Leopoldina foi politicamente forte. Hoje, a divisão nos enfraquece. E há um provérbio bem interiorano que diz: “Catitu fora da manada é papá de onça”.
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(Publicada no LEOPOLDINENSE de fevereiro de 2006)

sábado, 14 de agosto de 2010

Salve o Dia 27 de Abril

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Abril, 2006

Leopoldina comemora neste 27 de abril de 2006 seus 152 anos!
No 152º natalício da cidade, ocorre-nos relembrar a história - já algumas vezes contada - desta terrinha querida, nascida São Sebastião do Feijão Cru, arraial fundado à beira de um caminho quando Minas procurava o mar.

Tudo começou no mato bravo, na saga heróica dos primeiros desbravadores destes “Sertões do Leste”, nas trilhas pisadas que o homem livre abriu nas serras, nos rastros que imprimiu nos charcos, no sangue que deixou na terra, na esperança que hauriu no vento, elos despegados que se vão juntando na procura obstinada de pesquisadores do porte de, Nilza Cantoni (Documentos e arquivos virtuais), Oíliam José (Marliére o Civilizador, Visconde do Rio Branco, Notas para sua História, Historiografia Mineira, A Abolição em Minas, Indígenas de Minas Gerais, Tiradentes e inúmeros outros trabalhos), Barroso Júnior (História de Leopoldina), Mauro de Almeida Pereira (Os Almeidas, os Britos e os Netos de Leopoldina), Francisco de Paula Ferreira de Rezende (Minhas Recordações), Frederico de Barros Brotero (Família Monteiro de Barros), José Luiz M. Rodrigues (Machado Rodrigues - Fazenda Puris, Leopoldina), e tantos outros.

A presença de homens livres nos sertões da zona proibida (Zona da Mata Mineira), tem início oficial em 14/01/1784, quando o Comandante do 1º Regimento do Rio das Mortes, Cel. Manoel Rodrigues da Costa, escreve ao Governador da Província, Cunha Meneses, sugerindo diligências para explorar os “Sertões do Leste”. Autorização dada, Manoel Rodrigues da Costa volta a escrever a Cunha Meneses comunicando ter incorporado à tropa o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, no dia 21 de abril (!!!) daquele ano. Um mês depois, o comandante da expedição, Sargento Mor, Pedro Afonso Galvão de São Martinho, informa já ter alcançado o Pomba. Só a 5/6/1784, Galvão chega ao Porto do Cunha, confluência do Riacho Aventureiro com o Rio Paraíba.

A “Mata” desvirginada, avançam sobre ela posseiros e sesmeiros (ganhadores de Sesmarias), obrigando, impiedosamente, nossos “primeiros habitantes”, os índios Coroados, Coropós e Puris, a ceder-lhes espaço.

Em 1791, quando a Freguesia de N. Srª. da Borda do Campo é guindada a Vila com denominação de Barbacena, a região selvática do atual município de Leopoldina estava incluída naquele Termo. Depois, “em data não comprovada”, como atesta Nilza Cantoni, o povoado do Feijão Cru, passou à circunscrição da Vila de São Manoel do Pomba, hoje Rio Pomba (Seguramente, após 13/10/1831 data do Decreto Regencial que elevou o Pomba à categoria de Vila). No dia 10/9/1851, quando a Lei Provincial nº514 promoveu o Arraial do Cágado a Vila de Mar de Espanha, incluiu nela o nosso Distrito.

Unidos a Mar de Espanha ficaríamos menos de três anos, exatamente porque, a 27 de abril de 1854, pela Lei Provincial nº666, fomos nós, São Sebastião do Feijão Cru, que nos tornamos Vila, com denominação de Leopoldina, passando a Cidade, sete anos depois (16/10/1861), na Lei Provincial nº1116.

O povoamento do lugar onde se desenvolveu a urbs leopoldinense começa, por volta de 1828, quando já estariam estabelecidos na região do Feijão Cru, da Serra dos Puris ou dos Monos, os irmãos, posseiros ou sesmeiros (titular de Sesmaria), Manoel José da Fonseca e Bernardo José da Fonseca. No local hoje conhecido como São Lourenço, Manoel teria fundado sua Fazenda das Moças. Bernardo José, fixou seus domínios em sede “aos pés da majestosa muralha granítica, contraforte ciclópico da Serra dos Puris”, i.é., sob a pedra do Cruzeiro, dando-lhe o nome de Fazenda da Grama, porque a várzea fronteiriça, cortada pelo riacho Feijão Cru, era gramada.

Mas outros pioneiros estavam a caminho. Francisco de Paula Ferreira Resende, registra que as primeiras famílias de Leopoldina, os Almeidas, os Britos e os Netos, aqui chegaram no dia 30/9/1829, vindos de Sta. Rita do Ibitipoca, Conceição e Bom Jardim, numa viagem (certamente por trilhas) que durou 30 dias, em comitiva chefiada pelo Comendador Manoel Antonio de Almeida, que adquiriu de um posseiro chamado Felipe, as terras do “Feijão Cru Pequeno”, que se estendiam do, hoje, Distrito de Tebas ao vertedouro do riacho, nas proximidades de Cataguases. O Comendador trouxe consigo muitos amigos, escravos e alguns parentes, dentre os quais o Tenente Joaquim Ferreira Brito. Consta que aos escravos deu alforria plena - 17 anos antes da “abolição” - doando, a onze deles, 25 alqueires das terras que possuía.

Ainda a genealogista e historiadora, Nilza Cantoni, nossa fonte mais recorrida neste trabalho, ressalva que as datas de chegada desses fundadores nem sempre são exatas, pela precariedade dos registros. No caso acima, por exemplo, Nilza tem evidências de que Manoel Antonio de Almeida, nascido aos 19/8/1782 em Sta. Rita do Ibitipoca, patriarca dos Almeidas de Leopoldina, por aqui já andara no ano de 1825.
Em 1831, a construção de uma Capela daria fôlego ao povoado que se insinuava às margens do Riacho Feijão Cru, pelas bandas do Rosário.

Joaquim Ferreira Brito, senhor da Fazenda Cachoeira, localizada “na saída para a Meia Pataca”, vindo de Sta. Rita do Ibitipoca na comitiva do Comendador Almeida, como dito acima, decidiu erguer, naquele ano, uma igrejinha sobre o morro, depois chamado “da Matriz”. O terreno, contido na Fazenda Desengano, foi doado, em 30/1/1831, por seu genro, Francisco Pinheiro Corrêa de Lacerda, entusiasta do projeto. Construção rústica, com paredes de pau-a-pique e bicas de hastes de palmito no telhado, foi edificada pelo carapina, Benedito, “crioulo do Turvo” – como consta, profissional habilidoso, que já havia construído para Bernardo, na Fazenda da Grama, um moinho movido a água, represada do Feijão Cru.

Francisco pensou dedicar a Capela ao culto de Santa Rita, padroeira de Ibitipoca, mas prevaleceu sugestão de Bernardo José da Fonseca em favor de São Sebastião, protetor contra a peste, porque o cólera já havia matado um escravo de Antonio Gomes Rodrigues, da Fazenda Córrego do Bagre, e uns índios Puris, para o lado da Meia Pataca.

A Capela demandou padre e, curiosamente, o primeiro sacerdote a chegar por aqui, Manoel Antonio Brandão, também influiu no nascimento do vilarejo. Natural do Sumidouro de Mariana, Padre Manoel, para cá se deslocou por interferência do Dr. Antonio José Monteiro de Barros e de sua mulher, Da. Ana Helena, donos da Fazenda Paraíso..

Numa visita à Fª Cachoeira, Pe. Manoel convenceu o abastado sesmeiro, Joaquim Ferreira Brito, a doar ao Padroeiro, para as primeiras casas do lugarejo (Largo do Rosário), “todo o vale ao pé da Capela de São Sebastião”. Joaquim, que já fizera uma primeira doação em 1/6/1831, atendeu ao pedido do simpático e persuasivo religioso com nova doação aos 30/11/1831, cedendo ainda um “trato de terra” para o cura edificar sua própria casa. O “Escrivão” que lavrou o ato foi o mesmo Antonio Gomes Rodrigues, acima referido.

Ao construir a “Matriz” de São Sebastião, pode-se dizer que Joaquim Ferreira Brito tornou-se o FUNDADOR de Leopoldina. Também, a partir das doações de terras por ele feitas, no Rosário, pôde a Vila florescer num “aglomerado irregular de edificações rústicas, quando a Província de Minas Gerais era presidida por Manoel Inácio de Melo Souza, o Barão do Pontal” – segundo anotações de Barroso Júnior.

Depois dos pioneiros ilustres, viriam pessoas ilustres. Antonio José Monteiro de Barros, proprietário da Fazenda Paraíso, oriundo de Congonhas do Campo, descendente do Barão de Paraopeba, aristocrata de colenda estirpe, sobrinho de um Senador do Império, advogado que em 1832 já fora Ouvidor Geral de Ouro Preto, trabalhou muito pela edição da Lei Provincial nº666, de 27 de abril de 1854, que elevou-nos a Freguesia e, ao mesmo tempo, a Vila. Teria sido ele nosso primeiríssimo VEREADOR, representando o então Distrito na Câmara da Vila de São Manoel do Pomba. (Nilza Cantoni, parece, ainda não encontrou tais registros, no Pomba) Elegeu-se, depois, por várias legislaturas, deputado à Assembléia de Minas.
Aliás, quando pela primeira vez Antonio José se elegeu Deputado, seu Suplente na Câmara Municipal quase leva o Arraial do Feijão Cru à guerra civil.

Conta-nos Barroso Júnior que, em 1842, o capitão João Gualberto Ferreira Brito (o Suplente), filho destemido do nosso fundador Joaquim Ferreira Brito, liderava os Conservadores locais. Eclodida a Revolução Liberal entrou ele a aliciar voluntários para combater os Liberais, acantonados em São João del Rei. Fardou filhos, genros, agregados e, “à frente de 600 homens concentrados e instruídos na sua Fazenda Fortaleza”, marchou para o Paraibuna à cata dos insurretos entrincheirados em Sta. Luzia, sob comando do Barão de Cocais. Por sorte, não houve luta. Ainda sobre a ponte do Paraibuna veio notícia da rendição do inimigo ao Barão de Caxias.

É um episódio curioso da nossa história, mas Barroso Júnior pode ter-se equivocado nos números. Nilza Cantoni, com um velho “Mapa de Habitantes” à mão, demonstra que seria aritmeticamente impossível recrutar 600 homens, em idade de combate, naquele São Sebastião do Feijão Cru do ano de 1842. Talvez fossem 60 ... Aliás, quem quiser saber tudo (ou quase tudo) sobre a história de Leopoldina não deve deixar de ler os livros acima indicados, do Prof. Oíliam José, fazendo também uma visita obrigatória ao site da historiadora Nilza Cantoni, nossa principal referência, a quem agradecemos pela maior parte das informações históricas contidas neste texto.
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(Publicado no jornal LEOPOLDINENSE de Abril de 2006)
Nota: Esta crônica aproveita, em sua quase totalidade, texto de “Quando Nasceu Leopoldina”, de abril de 2002, obviamente também escrito, sobretudo, com apoio nos estudos de Nilza Cantoni.

Seja Burro, Otto

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Março, 2005


Tenho quase certeza de que li isto no próprio Nelson Rodrigues. Certa feita teria ele, Nelson, comparecido a um sarau de granfinas levando consigo o amigo Otto Lara Resende. Nelson participava de uma mesa redonda na TV onde o assunto era futebol, falava do seu Fluminense, dizia coisas engraçadas, repetia bordões. Tornou-se personagem muito popular, teatrólogo, jornalista, articulista, largamente conhecido e festejado. Numa festa como aquela virava centro das atenções, ficava inteiramente à vontade.

Já para o Otto a coisa complicava um pouco. Embora comunicativo e simpático, era membro da Academia Brasileira de Letras, homem de cultura, escrevia crônicas de qualidade nos jornais, estava mais para intelectual do que para o jornalista. As pessoas talvez temessem não poder sustentar um papo como o Otto. Ficavam arredias. Principalmente os homens. Nelson, sentindo-o gauche no ambiente, fustigava: - “Seja burro, Otto! Tem paciência, seja burro!...”

A leitura desta frase, há uns 30 anos, tem mantido eriçadas minhas antenas para o constrangimento em que se veem pessoas portadoras de alguma luz, tendo que apagá-la para não “conspurcar” o ambiente.  Ou, como estaria na moda dizer, para agirem dentro do “socialmente correto.” No discurso político há fartura de casos. Mas há um exemplo bem mais acessível, todos os domingos, no comportamento do apresentador, Faustão, da TV Globo.

Quem tem o dom de perceber nas entrelinhas sente que Fausto Silva não é bobo. Sujeito inteligente, boa cultura geral, informadíssimo dos fatos da mídia, domina com folga o vernáculo e tem vocabulário rico. Mas passa o tempo todo fingindo que “nem tanto”, nivelando-se por baixo, como a melhor forma de sustentar nível adequado a seu programa popular de variedades. 

Não faz muito tempo, andou perdendo IBOPE para o Silvio Santos. Alguém deve tê-lo alertado:  – Seja um pouco mais burro, Faustão!...  Parece ter encontrado a medida. Quando é obrigado a dizer alguma palavra ou frase mais apurada ele baixa a voz, sorri meio matreiro, afasta o microfone ou vira-se de lado, como se não fosse “culpa dele”.

O próprio Silvio Santos, ali citado, demonstra conhecer esse “caminho das pedras”, de identificação com o público. Só que, no caso do Sílvio, dizem as más línguas que ele não precisa fingir tanto...

Agora que vocês estão avisados, comecem a observar a enxurrada de exemplos, entre artistas e políticos, dessa busca desesperada de identificação com o povão. Entrevistas são um maná. O entrevistado, quando é dos bons, contorna, gagueja, faz de tudo para não parecer afetado, ou seja, inteligente.

O Conde Afonso Celso – dizem − costumava frequentar a Confeitaria Colombo levando sob o braço um tomo alentado, escrito em alemão, e caçoava com os amigos dizendo que “aquilo” era apenas para impressionar as pessoas (“Conheço o meu povo”)... Ele, hoje, não estaria com nada.

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(Publicado no jornal LEOPOLDINENSE de março de 2005)  

Tomando Algumas

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-Olha, duma coisa eu não abro mão, cara. Pra mim, é uma questã de absoluto: cerveja tem que ser antártica. O resto é xixi de pombo.

-Rá, rá, rá! Táis com nada, gente boa. Duas coisas os americanos ainda não inventaram: é avicultura com bexiga e cerveja melhor que a brama. Ainda vale o velho ditado: ela tem “o melhor lupo, o melhor esmalte e o melhor fermento”.


-Velho o ditado é. Do tempo em que o Pagodinho só mamava mingau de maizena. Eu prefiro a antártica. Tem o buquê que faz ela descer redonda, entende.


-Que isso, ô meu? Buquê é frescura de bacano entendido de vinho. Esse negócio de descer redondo, que eles falam, é da skol. Não troca as bolas.


-Tô nem aí pra essas palhaçadas da publicidade. Tudo lavagem cerebral que, aliás, é crime de tapeação enganosa no código do consumidor. Se quer saber, a coca-cola, que é dona da skol, gasta uma nota preta em propaganda.


-Troca as bolas não, malandro. A kaizer é que é da coca-cola. Lembra que tinha até um baixinho no mictório? Sumiu, né. Matar ele, acho que não mataram, porque não deu no Linha Direta! Hilário o sujeitinho! Onde já se viu propaganda de cerveja focada no mijo do produto! Ô loco! Tinha que mostrar a loura da ampola é sendo degustada numa praia, com aquela pá de mulher azarando. Mictório? Tem dó.


- Esse pessoal da ambev é burro.


-Mas quem te falou que a kaizer é da ambev? Brama e antártica é que são da ambev, ô Mané! E parece que desapropriaram também aquela kronembergue, aí de fora. Falam que ela entrou no Brasil na onda deles venderem nosso guaraná pros gringos. Só mesmo brasileiro! Achar que gringo vai beber guaraná naquele clima deles, de zero grau centímetro...


-Tão certos de não beber, sabia? Cê já leu, no rótulo do guaraná, a proporção da fruta do rio amazonas que entra? Apenas 0,013%, cara pálida! Só pra dar nome. O resto é química. Teu fígado que se vire. Dá pra sacar o que é 0,013%? É treze vezes menor do que um vigésimo, ô meu! Só quem não bebe tem essa noção.


-Num bebe água, né?


Quer saber? Tanto na América como nos países tropicais da Europa, o povo se amarra mais no sabor “cola”. Pra eles, se tem gosto de fruta é fanta! Fanta isto, fanta aquilo... Manjas um pé de fanta? Bom, vai ver existe.

-O Brasil não faz refrigerante “cola”. Eles não deixam. Tem direito autoral registrado na polícia, no cartório do registro de imóveis, os cambau. Não tem pra sapo, bagulho deles eles defendem.


-Pô, corta essa de refrigerante. Me dá gastura na boca do estômago. Outra cerveja legal era a boemia, feita na serra de Petrópolis. Lembra dela?


-Lembro. Boa pra caraca! O Nelson Gonçalves fazia a propaganda dela.


-Sabe por que era boa? Cerveja depende muito da água do local onde ela é destilada. Tem que ser água de mina ou de cachoeira...


-Veja essa tal de skin dos paulistas. Num dá, né. De onde será que eles pegam a água?


-Xi, nem fala, cara! Rolou até uma bronca com os donos da fábrica só porque não pagaram o IPTU do produto.


-IPTU de cerveja? Parece que bebe, malandro! IPTU é imposto de automóvel.


-Tá certo, eu é que bebo...

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Uma Informação, por Favor!

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-Ah, sim, você deseja uma informação? Vou logo dizendo que na Internet tem de tudo, tá.

Por exemplo, quando for comprar qualquer coisa não deixe de consultar o site “Gastarlhufas”. É uma maravilha! Olha, você tem lá serviços dos cartórios de todo o Brasil, que permite tirar documentos via internet, na hora, site para compras em geral, reservas de passagens, de hotéis em todo o mundo! Já pensou?
Você programa, da sua mesinha de cabeceira, viagens de ônibus, de trem, de avião, de navio, para qualquer ponto do planeta. Tudo à sua disposição, nome da empresa, preços e horários.

Tem também página de Legislação Federal e Estadual, por assunto ou por data de publicação, além de súmulas dos STF, STJ e TST, tribunais estaduais, federais, tudo. Tem até o regimento interno de um novo tribunal que estão querendo criar, aí, o Superior Tribunal da Probidade Administrativa. O objetivo é centralizar a absolvição de corruptos e o deferimento liminar de habeas corpus e mandados de segurança a ladrões de boa aparência, de um modo geral. Competência fixada em razão da solércia.

Noutro sítio interessante você pode rir da desgraça alheia, conferindo pousos e partidas cancelados em nossos aeroportos.
Outra coisa interessante é você reclamar de sua conta telefônica que veio em triplo do valor, sem precisar esperar a atendente “estar atendendo”. Um voz masculina, porém suave, vinda do alto (Seria Deus?), absolutamente confiável, explica que é melhor “estar desistindo”.

Ia esquecendo, há um sítio virtual onde estão todas as estradas do mundo. Você ali escolhe o caminho mais curto e localiza até ruas na cidade de destino. Cuidado, hem! O caminho mais curto pode ser uma trilha. Mas tem tudo: desenho das estradas, distância entre as cidades.

Numa outra página que eu visito sempre, se um veículo vier a ser furtado, antes mesmo de registrar ocorrência na polícia, ela deve ser registrada nela. O comunicado às viaturas da DPRF será imediato. Não tem pra puxador. Acham o carro na hora... -Duvida? Eu também.

Catálogo telefônico? Jogue o seu fora. Há uma home page na qual você localiza, pelo nome, até ex-namorada do ginasial que está no quarto casamento e trocou de nome em todos eles. É só escrever o apelido dela e clicar search;

É, tem site pra tudo. Se você está, por exemplo, com o cavalo na sombra do Instituto de Aposentadoria e deseja escolher um cruzeiro marítimo pelo Caribe, Ilhas Gregas ou Mares do Sul, não perca tempo. Na Internet, estão as datas de saída, duração, preço, roteiro e as passagens. Dão até a data do “Baile do Comandante”... -Vai encarar?

Olha, já encontrei indexador de imagens que você mesmo manipula; site de procura igual ao Google (nem me pergunte por que fizeram igual, se já tinha o Google); site que lhe dá as horas em qualquer lugar do mundo; site que lhe permite pesquisar livros, obras de arte, cadeiras, ceroulas, guarda-chuvas usados; site que explica as origens da corrupção no Brasil; a origem do chamado “golpe de barriga” (do qual, dizem que nem o Imperador Pedro-I se livrou); site que ensina a declinar substantivos e adjetivos em alemão e conjugar verbos em 102 idiomas; converter unidades, calcular logaritmos; sites para envio de e-mails acima de 50Mb; site para cálculo da correção monetária de Prudente de Moraes a Lula;

E, que ninguém nos ouça, tem páginas na Internet que nos permitem falar, de computador para computador, de telefone para computador, e de um pro outro e do outro para um, sem pagar nada. Inclusive ligação internacional! Não sei como ficam as companhias telefônicas, num futuro próximo, mas, de graça, até injeção na veia.

Jornais e revistas nem se fala. Ninguém compra mais. É só abrir a home do próprio jornal ou revista – tá tudo lá.
Tem também um site maluco que acabou de vez com a privacidade da gente. Qualquer um apura nossas mutretas de cabo a rabo: o que temos de patrimônio, broncas judiciais, financeiras, e otras cositas más, inclusive com o valor do desfalque corrigido pra ontem!

Agora, meu bom amigo, sobre sexo e pornografia, você vai ter que anotar aí. Pegue um papel, por favor...

-Não, não, não! Calma, amigo. Eu disse apenas que queria uma informação, e você nem me deixou completar; veio com todo esse lixo cibernético a contaminar meu espírito!
Eu quero saber, apenas e tão somente, como é que eu faço para mandar tudo isto que você falou aí pro raio-que-os-parta, esticar minha rede nos galhos de um pé de jambo vermelho e passar o resto da vida comendo jambo com as maritacas. Só isto!
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Vacas & Suplentes

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Julho, 2007

Embora o exemplo deva vir de cima, no caso brasileiro a chamada “Câmara Alta” demonstra não ser padrão de ética e compostura. O Senado Federal vem sendo avacalhado pelos senhores senadores da república e seus suplentes lamentáveis. O presidente da Casa, acusado de pensionar a amante com dinheiro escuso, comprovadamente entregue à “gestante” por um lobista da Construtora Mendes Júnior, defende-se “provando” lucros pecuários astronômicos em terras do agreste alagoano.

Quase ao mesmo tempo, suspeito de “gratificar membros do Judiciário” que lhe salvaram o mandato, com verbas graciosamente cedidas pelo proprietário das Linhas Aéreas – GOL, o Senador Joaquim Roriz se agarra à pretensa compra de uma VACA, por 300 mil reais, para explicar o sumiço de 1,2 milhões! Renunciou para não ser cassado, mas seu suplente não tem folha corrida limpa e não deverá emplacar os restantes, 7 anos de mandato.
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Democracia no terceiro mundo é essa coisa complicada. Por exemplo, para tornar-se juiz e aplicar a lei, o candidato tem que fazer curso de graduação em direito, apresentar prova de títulos e uma batelada de certidões negativas de distribuidores cíveis, criminais, atestados de bons antecedentes, etc.
Com vida imaculada, boas luzes jurídicas, cultura geral rica e dando sorte de passar num concurso duríssimo, vira APLICADOR das leis, isto é, Juiz de Direito.

Já, para tornar-se senador, deputado, vereador (portanto um FAZEDOR de leis), o cidadão não precisa curso, nem concurso, nem ficha limpa. Muito pelo contrário, muito pelo contrário! Quando tem, costuma até atrapalhar. O povão se amarra é em pilantra semi-analfa.

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Apesar de tudo, ainda acho que a qualidade do homem público brasileiro não piorou nem melhorou. Sempre foi mais ou menos assim. Hoje as (sem) vergonheiras pipocam mais porque as comunicações evoluíram ao tempo real, temos um Ministério Público atuante e a Polícia Federal tornou-se muito eficiente.

Ficou mais visível até uma particularidade interessante. Para governar, o Presidente da República tem que dividir o bolo com os trapaceiros que infestam a política partidária. Submisso a tal circunstância, ele acerta com os partidos, reparte tudo direitinho e constrói a chamada “governabilidade”. Providencialmente, entretanto, ele coloca no Ministério da da Justiça, alguém de confiança que deixe a Polícia Federal agir.
É só rato caindo na ratoeira! Os “partidos da base” se danam! Perdem força reivindicatória. Acho divino!.

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Vejam o paradoxo. Senador não é representante do povo. É representante do seu Estado.
-Como pode um representante de Estado inexpressivo como Alagoas (dependente de verbas federais até pra comprar o papel sanitário do gabinete do governador) ter a força que o atual presidente do Senado vem demonstrando ter diante de representantes de São Paulo, Minas, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Goiás, etc ?
-Tem lógica?
Por outro lado, justificam-se 3 senadores para cada Estado da União? Gente, num país que tem programa contra fome, isto é um rematado absurdo.
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A esperança deve prevalecer. É claro que a coisa vem melhorando. Quando acontece a desistência do Cafeteira, a renúncia do Salgado (milionário da baixada fluminense a quem os mineiros elegeram Senador, sem saber), a renúncia do outro suplente, Sibá Machado, e a perda do controle sobre o Conselho de Ética pelo Senador Renan, é porque uma força muito construtiva está atuando.
-Que força é esta? Claro, a imprensa responsável e a consciência crítica dos brasileiros lúcidos.

Precisamos acabar com essa ridícula “suplência” de senador. É uma trapaça contra a vontade do eleitorado. Serve para colocar no congresso, às escondidas, financiadores de campanha e oportunistas de ocasião.
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O resultado é essa vergonheira. Todos com medo do presidente do Senado. Ele “sabe demais”, de cada um. É rabo preso pra todo lado. Para dar uma satisfação ao eleitorado o sujeito vai à tribuna, dá uma de bom moço proferindo dois ou três conceitos éticos bem teóricos e desaparece até a semana seguinte.
Parodiando Ponte Preta, o Senado é hoje uma lagoa infestada de jacarés e piranhas “onde sabido nada de costas”.
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Os jornais deviam ajudar a memória dos brasileiros não permitindo que um escândalo servisse para esquecer outro. É clara a tática dos senadores, de adiar o julgamento de um escândalo até o aparecimento de outro que o encubra. Aliás, para “salvar” Renan, apareceu logo o caso Roriz, mas tão escabroso que o homem não titubeou: renunciou sem gastar tempo. Não quis arriscar a elegibilidade.
Seria bom se algum bom jornal abrisse título fixo para algo como "Escândalos derradeiros”. Em breves sinopses, manteria na primeira página, como carne-de-sol no varal, a memória fétida dos cinco últimos escândalos. Deixa apodrecer.
Como diria o Magri, mosca varejeira também é gente.

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Essas coisas não têm fim, mas vamos ficar na última frase do Renan Calheiros, agarrando-se à presidência do Senado: "Se eu deixar a presidência, serei um senador zumbi, um morto-vivo." Tem toda razão. É claro que, zumbi por zumbi, é bem melhor (para ele) continuar “presidente zumbi” que “senador zumbi”.
O problema é saber se isto é bom para o conceito da nossa Câmara Alta, que ele preside, e para a imagem do país. Coisa com a qual certamente não se preocupa muito um neo-coronel, daqueles lá de riba.
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(Publicado no LEOPOLDINENSE de 30.07.2007)

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Apenas José

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Sou apenas José
Cumpre aqui nem citar
Passagens de João
Tão formal quanto eu.

Essa explicitação
Assaz indispensável
Eis que o meu violão
Tem acordes a opor
Dissonâncias com dor
Curtidas em dó maior,
Engulhos, trastes vocais
Deste versejador.

Quanta insensatez
Quanta alucinação
De um maneiro José
Nas cordas que ouviu João.
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(27.04.2000)

Barrado no Baile

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Julho, 2007

Todo mundo gosta do Waldir Pires, político baiano simpático e honesto. O maior oponente, naquele estado, do pai de todos os santos, Antonio Carlos Magalhães, falecido nesta quinzena. Mas, realmente, nunca foi feliz na política. Waldir Pires renunciou ao mandato de governador da Bahia para ser candidato a vice na chapa de Ulisses Guimarães, cometendo um erro mortal de cálculo político. Eleição terrível para o PMDB, que acabou sendo polarizada entre Lula e Collor. É agora substituído por Nelson Jobim no Ministério da Defesa, de onde sai vítima da longa crise no setor aéreo que culmina com o maior desastre da história da aviação da brasileira, envolvendo o airbus da TAM. Pires sai do ministério como alguém que foi caçar onça com bodoque de bambu.
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Dando a dimensão do problema nos aeroportos, por pouco Jobim recusa a indicação. Sua mulher, Adriene, resistiu. Foi preciso um telefonema direto de Lula para ela, a fim de “negociar o passe” do marido.
É que, infelizmente, mesmo depois das “desortodoxias” protagonizadas por Jobim quando ministro do Supremo, ele ainda seria um nome maior que o nosso (atual) Ministério da Defesa.
Adriene é mulher inteligente e muito preparada.
Advogada, trabalhou com o ex-ministro Paulo Renato, na redação do programa de governo de Fernando Henrique Cardoso, quando candidato a presidente da República em 1994. Depois, quando Fernando Henrique criou o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, órgão do Ministério da Fazenda responsável pelo combate à lavagem de dinheiro, Adriene foi nomeada para comandá-lo. Em seguida, foi procuradora Geral do ministério.
Conheceu Jobim quando ele era Ministro da Justiça do governo FHC. Era divorciada. Jobim divorciou-se para casar com ela.
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Há quem veja Jobim como um possível candidato de Lula às sua sucessão. Mas há também quem veja problemas nesta ideia. Dilma Roussef parece destinada a encabeçar a chapa petista ou sair como vice. Dilma nasceu em Minas, mas é gaúcha para efeitos políticos. Ora, uma chapa governista com dois gaúchos complica.
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O Governo Lula tem contabilizado gafes. Teve aquela bobagem dita pela Marta Suplicy, com relação às filas nos aeroportos (“relaxa e goza”), a afirmação insensível do ministro Guido Mantega (“não há caos aéreo, há prosperidade no país”) e a vulgaridade (tof-tof) no gesto do Marco Aurélio Garcia. Logo o ministro Marco Aurélio, talvez o cérebro mais desenvolvido do governo Lula! Por cima ainda vem condecoração inoportuna, no dia seguinte ao desastre da TAM, exatamente no órgão – a ANAC - que pode ser responsável pela perda de 200 vidas!
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Aliás, a ANAC não regula coisa nenhuma. É uma cópia macaqueada do modelo americano, sem a força que as Agências de lá têm porquanto teúda e manteúda pelas próprias empresas reguladas e fiscalizadas, com suas diretorias comendo na mão de quem os indicou e os mantêm embarcados.
Confiram as "funções do órgão", segundo seus estatutos:
a) manter a continuidade na prestação de um serviço público de âmbito nacional;
b) preservar o equilíbrio econômico-financeiro dos agentes públicos e privados responsáveis pelos diversos segmentos do sistema de aviação civil;
c) zelar pelo interesse dos usuários e consumidores;
d) cumprir a legislação pertinente ao sistema por ela regulado, considerados, em especial, o Código Brasileiro de Aeronáutica, a Lei das Concessões, a Lei Geral das Agencias Reguladoras e a Lei de criação da ANAC."

Ou seja, nada concreto, positivo e factível. Tudo coisa abstrata, intangível.
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O presidente Lula, há dias, soltou uma frase afirmando ter dito coisas, quando sindicalista, que hoje, como presidente, não repetiria. Não me esqueço que, para dizer exatamente a mesma coisa (ou seja, da "responsabilidade com resultados", que todo governante assume) Fernando Henrique Cardoso programou uma concorrida palestra sorbonneza, se bem me lembro no início de seu segundo mandato, com direito a Antonio Carlos Magalhães e o falecido filho, então presidente da Câmara, sentados na primeira fila meneando positivamente as cabeças – uma erudita alocução à qual não faltaram aspas elegantes para sociólogos como Comte, Weber e Spencer.
Tudo para dizer: discurso de palanque é uma coisa, exercício de uma função executiva ou legislativa é outra.
No primeiro caso, esqueçam o que escrevi (dito por um homem que, no início dos anos 60, traduziu Montesquieu); no segundo, esqueçam o que sempre falei (de cima dos caixotes, claro).
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A surpresa do Lula com as vaias do Maracanã, deveu-se ao fato de que ele vive em Brasília, num ambiente de pensamento oficial. Brasília isola o governante do contato direto com a sociedade livre-pensante dos grandes centros. Submerso naquele mundo protocolar e estanque, de prosa e cochichos oficiais, fica compreensível o susto presidencial diante da chamada galera, em porre catártico de livre expressão. O Maracanã vaia até minuto de silêncio, dizia Nelson Rodrigues. Foi indelicado. O presidente se sentiu como um convidado barrado no baile...
O verso é do Eduardo Dusek numa canção muito engraçada:
-“Isto é que dá, cê querer freqüentar ...”
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(Publicado no LEOPOLDINENSE de julho de 2007)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Um Tema para Debate

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Agosto, 2010

Na última segunda-feira, 9, o jornal Estado de Minas publicou matéria relevante, de autoria de Carlos Alberto Di Franco, sob o título “Drogas: o debate necessário”.

Bem a propósito, nesta fase de contendas na TV entre os postulantes à presidência da república, a questão das drogas merece repercutir porque é importante que tráfico e consumo de drogas no Brasil passe a integrar a agenda pública e a preocupação dos candidatos. Diria até que o combate ao tráfico e o socorro à juventude dependente é, hoje, tão importante para o país quanto saúde, educação e segurança – conceitos dos quais o tema “drogas” é, aliás, indissociável.

Drogas leves conduzem às drogas pesadas e o consumo de crack vem assumindo proporções de epidemia neste país, levando aos hospitais psiquiátricos, aos presídios e aos cemitérios muitos de nossos jovens. Crack é droga insidiosa altamente viciante, ou seja, começa a aprisionar o usuário já na primeira dose. Seus efeitos no organismo humano são devastadores.

O Brasil é campeão no consumo do crack. Somos nós, portanto, os responsáveis pela solução do problema. O governo não pode continuar em síndrome de avestruz – ou seja, escondendo a cabeça e deixando o bum-bum de fora – porque está em jogo a saúde e a vida da juventude brasileira. Principalmente, das crianças nos segmentos menos favorecidos da sociedade.

Pessoas envolvidas no problema já encontraram um bom caminho para a recuperação de dependentes. Comunidades terapêuticas que se adaptaram e se especializaram no tratamento especifico da doença, vêm obtendo bons resultados. São, de preferência, clínicas fechadas – o doente de crack às vezes precisa ser contido, porque a compulsão para o uso é muito forte – com assistência psiquiátrica e psicológica nas vinte e quatro horas do dia.

Essas clínicas vêm conseguindo romper o círculo vicioso da drogadicção com terapêutica médico-psiquiátrica individualizada, cuja proposta é resgatar ou infundir no adicto valores familiares e éticos, mudança de estilo de vida e adoção de hábitos saudáveis. O tempo médio do tratamento é de seis meses, variável conforme o caso.

É importante anotar que o velho discurso segundo o qual o dependente deve, por si mesmo, chegar ao “fundo do poço” e passar a desejar sair do vício, já não vale tanto. Funcionava com drogas menos pesadas. Os dependentes de crack que chegam ao “fundo do poço” e desejam ser tratados, são bem mais raros. Infelizmente, já a partir dos primeiros experimentos com essa droga a vítima entra em estágio de dependência tão exacerbado que anula, por completo, sua autocrítica impedindo-a de mentalizar outra coisa que não seja continuar no uso...

Por isto, em grande número de casos, o dependente terá que ser internado contra sua vontade, por iniciativa de terceiros. Esta “internação involuntária” é permitida e regulada pela Lei nº 10.216/01, porque as consequências da doença expõem o paciente, e mesmo terceiros, a riscos.

É claro que tal modalidade terapêutica, em caráter particular, tem um preço que nem todas as famílias podem pagar. Convém, então, que o Estado - ou seja, o SUS, o Ministério da Saúde - se adiante e coloque o tratamento à disposição de todas as famílias. Não é justo que o crime organizado - esse monstro que a segurança pública não tem competência nem meios para conter – se ocupe de simplesmente dizimar uma parte de nossa juventude. Sem dúvida que a perspectiva é de extermínio de jovens pela venda do crack.

Quando vemos pelas ruas, principalmente nas imediações de comunidades pobres, meninos e meninas excessivamente magros, abatidos, melancólicos, que não paire dúvida: é o crack realizando seus estragos.

O governo não tem que criar “grupos de estudo” nem “comissões” disto ou daquilo para dissecar e equacionar a questão. Esta etapa já foi cumprida por brasileiros solidários e responsáveis que se adiantaram, e se adiantam, na busca de tratamento para esses doentes. Cabe agora ao governo a iniciativa simples de tomar em suas mãos um trabalho que vem dando certo.

Se precisarem de exemplos concretos, entrem no Google e procurem por comunidades terapêuticas como a “Clínica Novos Rumos” da cidade mineira de Betim, como a “Comunidade Terapêutica Horto de Deus”, de Taquaritinga (SP), e por muitas outras que certamente existem, no mesmo grau de eficiência técnica e limpidez de propósitos.

O mal é terrível, mas ainda é possível investir na esperança. O que não se concebe é o assentimento oficial de que o tratamento da dependência química continue ao alcance apenas das pessoas que podem pagar por ele.

Drogadicção é doença, segundo a Organização Mundial de Saúde. Doença gravíssima! Nossas autoridades estão convidadas a exercício de compaixão que as leve a pôr em prática meios efetivos de franquear tratamento a todos os doentes das drogas. E não nos venham falar em CAPS – Centros de Atenção Psicossocial, do SUS, porque a coisa é bem mais complexa e séria.
É a juventude brasileira em grave situação de risco.
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(Publicada aos 12.08.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

Baita duma Reiva

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Agosto, 2010


Neste país, alguém já disse ou, se não disse deveria ter dito, todos nós estamos metidos numa pilantragem ou noutra. É triste, mas temos que admitir. Embora pessoas mentalmente saudáveis não escapem da “baita reiva” que isto provoca, no dizer antológico do falecido João Rubinato, também conhecido como “Adoniran Barbosa”, o grande sambista nascido em Valinhos, SP, cujo centenário será comemorado amanhã, 6 de agosto. Ele que é o glorioso pai da nossa amiga, Maria Helena Rubinato Rodrigues de Souza, blogueira e articulista do globo.com/noblat e nossa editora, aqui neste espaço.

Pilantragem nos negócios, pilantragem na política, pilantragens sociais e até familiares. Eu disse negócios?

O infeliz que se abalançou a montar uma empresa no Brasil é quase certo ter subornado alguém para constituí-la e vir sonegando muito para mantê-la. Quem não fez, e não faz isto, já desistiu do negócio. As exigências legais são impraticáveis, os impostos absolutamente insuportáveis e a fiscalização corrupta. O instinto de sobrevivência se encarrega de providenciar os desvios. Assim la barca va.

Já o político que ostenta um mandato eleitoral agiu, necessariamente, de forma ilegal para chegar a ele e sacrifica sua ética (na maioria dos casos bastante complacente) para nele manter-se. Uma legislação anacrônica inviabiliza a boa-fé eleitoral e hábitos arraigados fazem do político ético um corpo estranho entre seus pares. O sistema o convida a adaptar-se e ele se curva – nem sempre a contragosto.

O país é dominado por não mais que dois segmentos de poder em torno dos quais gravitam os formadores de opinião, sob a égide recôndita (mas não muito) de interesses corporativos. É escolher o lado.  

Também no âmbito das relações pessoais, há sapos a engolir. Querem ver?

Tonico Majestade, tinha mania de filar. Filava de tudo. Cigarro, jornal, goma de mascar, carona, comprimidinho sublingual, fósforo, literatura de cordel, canetas... Se bobear, até fio dental. Gabava-se da própria intransigência ao exigir troco nas compra de 1,99.

Pedinchão nato, foi perdendo a noção do ridículo até parar de ser exatamente uma pessoa. Virou uma topada.

Certo dia, num bar, como pretexto para encerrar o papo, pedi café para dois.
Ele adoçou com açúcar, eu arrisquei ciclamato.
A bisnaga ainda em minha mão, ele – escravo da filância inveterada – reclamou duas gotinhas “pra reforçar o açúcar”...
Esguichei meio tubo.

– É beber ou jogar fora, Magestade! Tchau.
Dá uma “reiva”!


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(Publicada aos 05.08.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

A Disputa Eleitoral

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Julho, 2010

A intriga pela imprensa entre os candidatos à presidência produz na gente um desapontamento de selecionado brasileiro na África do Sul. Todo mundo comprando TV nova na esperança de festa, de ver o time jogar um bolão para, na hora agá, engolir o vexame.

Do mesmo modo, Serra e Dilma desapontam pela superficialidade dos temas que trazem ao debate. Um diz uma bobagem, o outro retruca com uma besteirinha... Fofoca pra lá, fofoquinha pra cá. Nada de substancioso que estimule disputa construtiva e alguma criatividade. Puro teatro besteirol para uma platéia de néscios.

E nem se diga que cometam abusos gratuitos com a inteligência do eleitorado. O que lemos nesta quarta-feira, no Blog do Noblat, sobre o censo do TSE, é de falar baixo pra vizinho não ouvir. Apenas 54% do eleitorado brasileiro completaram o primeiro grau. Ao curso superior, somente 6% dos brasileiros chegaram.

Convenhamos não ser fácil - e, certamente, muito pouco proveitoso - expor programas e temas da nacionalidade a um público com semelhante deficiência intelectiva. É quando, para serem entendidos, os candidatos recorrem ao mingau ralo das frivolidades.

Nada muito diferente do que se passa com a propaganda comercial e com a própria grade de programação das TVs. Submetido à pesquisa, o público informa seu grau de discernimento e, com isto, “pauta” os conteúdos que recebe. Estabelece-se um “ciclo caviloso”.

É complicado! Principalmente porque Serra e Dilma têm pouca munição para desconstruções recíprocas. PT e PSDB são partidos gemelares. Duas correntes gramscianas óbvias que lograram polarizar a disputa pelo poder, no Brasil, no âmbito doméstico da centro-esquerda.

O convite ao eleitorado é para pronunciar-se sobre qual dos dois grupos hegemônicos seguirá tocando projeto liberal de governo. Como Lula é um líder muito identificado com a maioria dos votantes - as pesquisas não deixam dúvida - a chance que tem de “emplacar” sua escolhida é considerável. Deve estar sempre dizendo a Dilma:
-Deixe comigo, diga por aí umas besteirinhas sem conseqüências só para participar.

Do lado Serra a estratégia não pode ser outra:
-Se eu complicar o discurso esse troço pode melar de vez. Melhor repousar a cinzenta, dizer umas abobrinhas aí pelas esquinas, se houver oportunidade arrisco até um sorriso, compro cigarro picado nos botecos e saio cuspindo de esguicho, até ver onde isto vai dar.

No que toca à coadjuvante, Marina Silva, seu discurso é de defesa das vítimas do avanço tecnológico. Embarca na dialética social da opção por um projeto alternativo, que concilie o progresso que seus antagônicos alardeiam - e ela não é doida de desmentir o Lula – com o apreço devido às vítimas futuras da degradação ecológica.

Soa meio utópico, mas é bonito. E lembra John Lennon: pode-se dizer que a candidata do PV é uma sonhadora. Mas ela não é a única.
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(Publicada aos 29.07.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena)