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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Quando nasceu Leopoldina #

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Em abril de 2002, ano do 148º natalício da emancipação da cidade, fizemos para a Gazeta de Leopoldina uma síntese do que anotaram os principais historiadores desta mui altiva Leopoldina, nascida São Sebastião do Feijão Cru, arraial brotado à beira de um caminho nos magros tempos em que a Minas liberaram o mar.

Nossa gênese municipal tem início duas décadas antes da chegada da Corte Portuguesa ao Brasil (1808), na saga heróica dos primeiros desbravadores destes “Sertões do Leste”, nas trilhas pingentes que o dianteiro abriu nas serras, nos rastros que imprimiu nos charcos, na esperança com que subjugou as charnecas.

São elos que se vão encontrando em trabalhos importantes de pesquisa e coleta de historiadores como Oíliam José (Marlière, o Civilizador; Historiografia Mineira, O Negro na Economia Mineira, etc); Nilza Cantoni (Documentos e arquivos virtuais); Mauro de Almeida Pereira (Os Almeidas, os Britos e os Netos de Leopoldina); Francisco de Paula Ferreira de Rezende (Minhas Recordações); Paulo Mercadante (Os Sertões do Leste – Áreas Proibidas); José Luiz M. Rodrigues (Machado Rodrigues - Fazenda Puris, Leopoldina e Maripá de Minas e Região); Celso Fallabela (Os Sertões do Leste – Achegas paa a história da Zona da Mata); Barroso Júnior (História de Leopoldina); Frederico de Barros Brotero (Família Monteiro de Barros) e tantos outros.

A presença de homens livres nos sertões da Zona Proibida (Zona da Mata Mineira), tem início oficial em 14.01.1784, quando o Comandante do 1º Regimento do Rio das Mortes, Cel. Manoel Rodrigues da Costa, escreve ao Governador da Província, Cunha Meneses, sugerindo diligências para explorar os “Sertões do Leste”. Na sugestão de diligências o pressuposto de que a área já seria objeto de apossamento ilegal por aventureiros. A vedação ao povoamento das Áreas Proibidas, com o que a Administração buscava resguardar a Coroa de prejuízos ao erário no contrabando de ouro por rotas alternativas à capitania do Rio de Janeiro, saíra de controle.

Autorização dada, Manoel Rodrigues da Costa volta a escrever a Cunha Meneses comunicando ter incorporado à tropa o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, o “Tiradentes”, no dia 21 de abril (!) daquele ano (Neste dia e mês, oito anos depois, Tiradentes seria enforcado, no Rio).

Sob comando do Sargento Mor, Pedro Afonso Galvão de São Martinho, partindo da Borda do Campo, que a partir de 14.08.1791 passaria a denominar-se Vila de Barbacena, embrenharam-se na mata e, em quatro semanas, Galvão, anota ter alcançado o Pomba. A 05.06.1784, chega ao Porto do Cunha, confluência do Riacho Aventureiro com o Rio Paraíba.

Eis a partir de quando, sobre a “Mata” oficialmente desvirginada, avançariam posseiros e sesmeiros (ganhadores de Sesmarias), obrigando nossos “primeiros habitantes”, os índios Coroados, Coropós e Puris, a ceder-lhes espaço. Vieram eles somar-se aos ilegítimos que por aqui já se encontravam, fosse pelas trilhas e picadas do tráfico de ouro em direção ao mar, fosse pela exploração ilegal das terras.

Em 1791, quando a Freguesia de N. Srª. da Borda do Campo é guindada a Vila, com denominação de Barbacena, a região selvática do atual município de Leopoldina estava incluída naquele Termo.

Depois, em data não confirmada, o povoado do Feijão Cru, passou à circunscrição da Vila de São Manoel do Pomba, hoje Rio Pomba (Seguramente, após 13/10/1831 data do Decreto Regencial que elevou o Pomba à categoria de Vila).

No dia 10/9/1851, quando a Lei Provincial nº514 promoveu o Arraial do Cágado a Vila de Mar de Espanha, incluiu nela o nosso Distrito. Circunscritos a Mar de Espanha ficaríamos menos de três anos. Logo, a 27 de abril de 1854, pela Lei Provincial nº666, fomos nós, São Sebastião do Feijão Cru, que nos tornamos Vila, com denominação de Leopoldina. A Vila foi elevada a Cidade, sete anos depois (16/10/1861), na Lei Provincial nº1116.

O povoamento do espaço onde se desenvolveu a urbe leopoldinense manifesta-se, por volta de 1828, quando já estariam estabelecidos na região do Feijão Cru, da Serra dos Puris ou dos Monos, os irmãos, posseiros ou sesmeiros, Manoel José da Fonseca e Bernardo José da Fonseca. No local hoje conhecido como São Lourenço (Arraial), Manoel teria fundado sua Fazenda das Moças. Bernardo José fixou seus domínios em sede – no dizer de Barroso Júnior, “aos pés da majestosa muralha granítica, contraforte ciclópico da Serra dos Puris”, i.é., sob a Pedra do Cruzeiro, dando-lhe o nome de Fazenda da Grama, porque a várzea fronteiriça, cortada pelo riacho Feijão Cru, era gramada.

Mas outros pioneiros se moviam a caminho. Francisco de Paula Ferreira Resende, registra que as primeiras famílias de Leopoldina, os Almeidas, os Britos e os Netos, aqui chegaram no dia 30.09.1829, vindos de Sta. Rita do Ibitipoca, Conceição e Bom Jardim, numa viagem que durou 30 dias. O chefe da comitiva foi o Comendador Manoel Antonio de Almeida.

Ao chegar, Manoel Antonio adquiriu de um posseiro chamado Felipe, 848 alqueires de terra no “Feijão Cru Pequeno”, riacho que vai do atual distrito de Tebas à confluência do Feijão Cru com o Rio Pomba, nas proximidades de Cataguases. Trouxe consigo, o Comendador, muitos amigos, serviçais e alguns parentes, dentre os quais o Tenente Joaquim Ferreira Brito.

Nilza Cantoni anota indícios da extrema dificuldade em que viviam as famílias mineiras naquela quadra da história, para compreender-lhes “a decisão de enfrentar a mata com todos os seus perigos”. Diz Nilza: Aparentemente, qualquer coisa seria melhor do que deixar-se levar pela degeneração que atingia fazendas e fazendeiros, faiscadores ou comerciantes. Jovens solteiros empregavam-se, com alguma freqüência, em tropas que demandavam o interior das Gerais, no comércio de gêneros de subsistência. Chefes de família também o faziam, muitas vezes, por verem, na tropa, o único trabalho que garantiria o sustento de sua prole miúda. E quando um parente distante os vinha visitar, propagando maravilhas das terras que estavam à venda, nas “áreas proibidas”, muitos fazendeiros incorporavam-se em alguma tropa que fosse trilhar aquelas paragens.

E prossegue: Parece-nos que foi essa a trajetória de um dos povoadores de Leopoldina. Até onde nos foi possível apurar, em 1826 ou 27, o “Comendador” Manoel Antônio de Almeida acompanhou uma tropa, que pode ter sido de seu sobrinho Manoel Thomaz Pereira de Almeida, através da hoje conhecida Zona da Mata Mineira. E, nas margens do Feijão Cru, adquiriu as terras onde formou a “Fazenda do Feijão Cru Pequeno”.
Em setembro de 1828, Manoel Antônio de Almeida levou a família para a nova morada. Parece-nos que, em viagem, teria passado pelo atual município de Astolfo Dutra, onde ficou um de seus filhos.

Manoel Antonio de Almeida não era um desbravador insensível. Consta que aos escravos deu alforria plena, 17 anos antes da “abolição”, doando a onze deles 25 alqueires das terras que possuía.

É, ainda, a genealogista e historiadora, Nilza Cantoni, a ressalvar que as datas de chegada desses fundadores nem sempre são exatas, pela precariedade dos registros. No caso acima, por exemplo, Nilza tem evidências de que Manoel Antonio de Almeida, nascido aos 19.08.1782, em Sta. Rita do Ibitipoca, patriarca dos Almeidas de Leopoldina, por aqui já estivera de passagem no ano de 1825.

Em 1831, a construção de uma Capela dá ares citadinos ao povoado que se insinuava às margens do Riacho Feijão Cru, onde hoje está o Largo do Rosário. Joaquim Ferreira Brito, senhor da Fazenda Cachoeira, localizada “na saída para a Meia Pataca” (agora Cataguases), vindo de Sta. Rita do Ibitipoca na comitiva do Comendador Almeida, como dito acima, decidiu erguer, naquele ano, uma igrejinha sobre o morro, depois chamado “Morro da Matriz”.

O terreno, pertencente à Fazenda Desengano, foi doado, em 30.01.1831, pelo proprietário, genro de Joaquim, Francisco Pinheiro Corrêa de Lacerda. Construção extremamente simples, paredes de pau-a-pique e cobertura com bicas de palmito, foi edificada pelo carapina Benedito, historicamente referido como um “crioulo do Turvo” (possivelmente de um lugarejo com este nome, nas proximidades de Bom Jardim), profissional habilidoso, que já havia construído para Bernardo, na Fazenda da Grama, um moinho movido a água represada do Feijão Cru.

É injusto que a história não tenha anotado mais dados sobre o carpinteiro Benedito do Turvo, a cujas mãos hábeis uma cidade ficaria devendo sua edificação pública seminal.

No que informa Barroso Júnior, Francisco pensou consagrar a Capela ao culto de Santa Rita, padroeira de Ibitipoca, mas prevaleceu sugestão de Bernardo José da Fonseca em favor de São Sebastião, protetor contra a peste, porque o cólera já havia matado um escravo de Antonio Gomes Rodrigues, na Fazenda Córrego do Bagre, e uns índios Puris, para o lado da Meia Pataca.

Igreja demanda sacerdote e, curiosamente, o primeiro a chegar por aqui, Padre Manoel Antonio Brandão, também influiu na implantação do vilarejo. Natural do Sumidouro de Mariana, Padre Manoel, para cá se transferiu por empenho do Dr. Antonio José Monteiro de Barros, dono da Fazenda Paraíso, cujo tio, Dr. Marcos, era padre e Senador do Império.

Em visita à Fazenda Cachoeira, Pe. Manoel convenceu o abastado sesmeiro, Joaquim Ferreira Brito, a doar ao Padroeiro, para as primeiras casas do lugarejo, “todo o vale ao pé da Capela de São Sebastião”. Joaquim, que já fizera uma primeira doação em 01.06.1831, atendeu ao pedido do persuasivo religioso com nova doação aos 30.11.1831, cedendo ainda um “trato de terra” para o cura edificar sua casa. Está-se falando, possivelmente, de toda a baixada que vai das imediações da sede da Prefeitura até a região do Largo do Rosário.

Ao construir a “Matriz” de São Sebastião, pode-se dizer que Joaquim Ferreira Brito tornou-se o fundador de Leopoldina. É certo também que, a partir das doações de terras por ele feitas, no plano do Rosário, pôde a Vila florescer num “aglomerado irregular de edificações rústicas, quando a Província de Minas Gerais era presidida por Manoel Inácio de Melo Souza, o Barão do Pontal” – como também atesta Barroso Júnior.

Naturalmente, depois dos pioneiros eminentes, entrariam em cenas homens ilustres de nossa história municipal. Antonio José Monteiro de Barros, proprietário da Fazenda Paraíso, oriundo de Congonhas do Campo, descendente do Barão de Paraopeba, aristocrata de colenda estirpe, sobrinho de Senador do Império, advogado que em 1832 já fora Ouvidor Geral de Ouro Preto, trabalhou de forma decisiva pela edição da Lei Provincial nº666, de 27 de abril de 1854, que elevou-nos a Freguesia e, ao mesmo tempo, a Vila.

Teria sido ele nosso primeiríssimo Vereador, como representante do então Distrito na Câmara da Vila de São Manoel do Pomba - muito embora a historiadora Nilza Cantoni não tenha encontrado prova documental de sua atuação na Câmara do Pomba. Elegeu-se, depois, por várias legislaturas, deputado à Assembléia de Minas.

Aliás, quando pela primeira vez Antonio José se elegeu Deputado, seu Suplente de Vereador quase leva o Arraial do Feijão Cru a participar de uma guerra civil. Conta-nos Barroso Júnior que, em 1842, o capitão João Gualberto Ferreira Brito (o Suplente), filho destemido do fundador Joaquim, liderava os Conservadores locais. Eclodida a Revolução Liberal ocupou-se ele de aliciar voluntários para combater os Liberais, acantonados em São João del Rei.

Fardou filhos, genros e, “à frente de 600 homens concentrados e instruídos na sua Fazenda Fortaleza”, marchou para o combate ao encalço dos insurretos do Barão de Cocais, entrincheirados em Sta. Luzia. Por sorte, não houve luta. Ainda em trânsito sobre a ponte do Rio Paraibuna a tropa recebeu notícia da rendição do inimigo ao Barão de Caxias.

Este episódio singular da história leopoldinense, talvez contenha uma imprecisão. Nilza Cantoni, com um incontrovesso “Mapa de Habitantes” à mão, demonstra que seria aritmeticamente impossível recrutar 600 homens, em idade de combate, naquele São Sebastião do Feijão Cru do ano de 1842.

Talvez fossem 60.
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(Publicado na Gazeta de Leopoldina de abril de 2002)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

O Debulhador do Tio Lívio #

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Primeiro é bom conferir se todos os leitores, deste nosso mundo urbano meio leso, sabem o que é um “debulhador” de milho. Milho, impossível que alguém ignore ser a parte comestível daquela espiga cheia de grãozinhos amarelos que a gente vê por aí quando algum ambulante apregoa:
-Milho verde, cozido!...
Todo mundo já viu? Pois é. Aquilo é milho.

A gente do campo sabe, entretanto, que em regra o milho não é colhido verde. É colhido depois que a espiga fica inteiramente seca e os caroços duríssimos. Para levá-lo sob a forma de grãos aos engenhos de moagem, onde o cereal é transformado em fubá, farinha, canjica, ração, etc., o fazendeiro “debulha” o milho e o ensaca. Debulhar é soltar os grãos do sabugo. A máquina, manual ou elétrica, encarregada dessa tarefa é o “debulhador”.
-Muito prazer, Sr. Debulhador.

Trata-se de uma engenhoca simples, quase empírica. Um disco rotativo plano, de ferro, com dezenas de altos-relevos iguais a verrugas numa face. Esse disco gira a cerca de 3 centímetros de uma contra-superfície também plana, fixa. Introduzidas as espigas entre as duas peças, são elas dilaceradas pelas verrugas do disco em movimento, soltando os grãos.

Nossa conversa de hoje é sobre uma passagem ocorrida no dia em que meu tio, Lívio F. de Castro, comprou um debulhador elétrico para sua fazenda. O episódio demonstra a inclinação que o ser humano tem de atrair, para o pequeno mundo dos conhecimentos que domina, aqueles fatos mais complexos que lhe escapam ao entendimento. História absolutamente verídica, embora meu querido Tio Lívio, falecido há uns cinco anos, com sua imaginação fértil, levasse fama na família de grande inventor de “causos”.

O mundo acabara de assistir pela TV, em julho de 69, o astronauta Neil Armstrong pisar o solo da lua. Imagens extraordinárias, de dúvidas para os incrédulos e até de desconforto religioso para os crédulos. Gente estupefata, uns acreditando no que viam, outros negando.
Não é que o Tio Lívio - brincalhão que só ele - resolveu ouvir os empregados da fazenda sobre o tema.

No paiol, o debulhador de milho recém adquirido e ainda cheirando a tinta, pontificava como vedete. Os peões assuntavam com curiosidade o desempenho da máquina. Sem ela, o milho era debulhado só depois de extraída, na unha, a palha áspera de cada espiga. Em seguida, numa faina penosa de dar bolhas nas mãos, friccionar sabugo contra sabugo até a total soltura dos grãos. Um martírio! Agora, não. O debulhador trazia o progresso, velocidade, eficiência.

Sebastião do Turvo, encarregado do trato dos animais, só precisava girar uma chave elétrica, fazer a geringonça zoar que nem um avião e atochar-lhe, boca a dentro, espigas e mais espigas, com casca e tudo. Por uma abertura lateral a máquina cuspia sabugos e palha e, pela bica frontal, escorriam em festa os grãos de milho amarelinhos e soltos para um saco de aniagem.

Tio Lívio chegou puxando conversa:
-Vocês viram ontem na televisão? Parece que o americano colocou um homem na lua e vai trazer de volta. O sujeito desceu lá com um roupão branco parecido com esses de lidar com abelha africana, uma mochila nas costas, e eles filmando o rastro da botina na poeira... Inacreditável! E, virando-se para o retireiro, Toninho Barbatana:
-Você levou fé naquilo, Barbatana?

-Ah, sô Lívio, acho muito difícil. A bem dizer, eu não vejo na lua largueza suficiente pro um homem subir em riba dela. Não digo que, de perto, ela não seja um pouco maior. Mas o suficiente pro sujeito andar lá! Hã!... Acho que aí tem é coisa.

Mexeu com o carreiro, Josué do Radinho, um crente bíblico desses de abotoar camisa no pescoço.
-E você, Josué, acha que aquele homem andou mesmo na lua?

-Não patrão, não acredito não. Lua, estrela, céu, tudo isso faz parte dos mistérios de Deus. E “a palavra de Deus” diz que o homem “só verá a face do Senhor” depois de morto. O homem que pensa que pode ir a Deus usando uma escada, um avião, ou mesmo um foguete, é um ímpio para o qual não haverá salvação. O único caminho que nos aproxima da Casa de Deus é a fé. Tudo aquilo, pra mim, não passa de “escárnio na face de Deus”. Mentira da grossa, coisa do demônio.

Deixou por último o operador do equipamento, o tratador dos porcos, Sebastião do Turvo, homem de fala mansa e explicada:
-Bastião, você acha também que os americanos estão só enganando os trouxas?

Bastião do Turvo deu uma ajeitadinha no chapéu de palha, apoiou o cotovelo pesado na manivela do debulhador, deu uma varrida d`olhos pela máquina e filosofou:

-Meu chefe, que o negócio é duro de engolir, é. Mas eu penso conforme o seguinte: depois que o ser humano foi capaz de inventar um debulhador de milho igual a este, pra mim nada mais é impossível no mundo...
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(Publicado em 17.12.2009 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/ e no jornal LEOPOLDINENSE)