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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Jorginho Guinle

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Março, 2004

Pra esse a cafajestalha tinha que tirar o chapéu. Jorginho jamais trabalhou. Veio ao mundo para possuir o Copacabana Palace e gozar férias. Divertiu-se nababescamente pelos melhores hotéis e cassinos do planeta. 

Tornou-se figura obrigatória em festas nos castelos da Europa, festivais de cinemas e entregas de Oscar.
O colunista americano Earl Wilson, numa aglutinação de Brazil com millionaire, chamava-o de "Brazillionaire". 

Apesar de baixinho, era considerado atraente pelas mulheres, simpático e muito querido por todos. Namorou algumas das mais belas e famosas atrizes de Hollywood.

Ruy Castro nos conta, no livro Ela é Carioca, a "cantada" com que ele conquistou Ionita Salles Pinto, modelo, socialite e empresária, uma das mulheres mais lindas e inteligentes (primeira da classe no Colégio Notre Dame, Rio de Janeiro) de seu tempo.

Fascinado com a sensualidade e a beleza de Ionita, ao se conhecerem na boite Le Bateau, disse-lhe:
"Ionita tenho, 52 anos e você tem vinte. Dê-me dois anos de sua vida. Para você, isso não é nada. Para mim, é uma vida inteira!".             

Cantada tão sincera que ela acabou lhe dando sete anos – observou Ruy Castro.

Acho também que Jorginho acaba de ser "grande" na maneira como escolheu morrer. Reduzido à penúria financeira ("Calculei meu dinheiro para viver 80 anos e cheguei a 88. Me danei!") foi internado no Hospital Público de Ipanema, com aneurisma.

Os médicos lhe teriam dito que o risco da cirurgia seria o mesmo da "não cirurgia". Prontamente ele assinou um termo de responsabilidade dispensando bisturis e foi morrer com dignidade num apartamento do Copacabana Palace (Parece que, no contrato de venda do Hotel, reservara para si direito a um quarto enquanto vivesse).


Jamais Jorginho Guinle se imaginaria aos 88 anos, decrépito, com escaras, em humilhante definhamento terminal, numa enfermaria de Hospital Público. Playboy de alto nível não perde a dignidade nem na hora de morrer.

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(Publicado em 13.03.2004 no jornal LEOPOLDINENSE/)

Um comentário:

  1. Achou essa história bonita?!
    Nem eu,mas quem sou eu para julgá-lo?!
    Uma literalmete pobre e literalmente mortal.
    Penso que minha existência, nunca saberá o que é ter tanto dinheiro.

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