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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Apenas uma Ideia

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Março, 2003

É muito interessante ouvir quem tem boas ideias para troca. O assunto, aqui, surgiu numa dessas barganhas de papo com um empresário leopoldinense, o André Fernandes. A gente falava da falta, em nossa cidade, de uma área pública de lazer. Lamentávamos o fato de nossa Leopoldina, Minas, com sua paisagem contida de cidade que se desenvolveu no rodapé das colinas, não dispor de espaço livre para as pessoas caminharem, andarem de bicicleta, tomarem sol, passearem com as crianças.

Claro que este não é o caso de quem possui chácara, fazenda, sítio e recursos bastantes para aplicar nesses aconchegos. Falávamos da população em geral, de domingos mais comunicativos para todos. O assunto, aliás, já foi tema de um programa de rádio da cidade, mas vou insistir nele, esperando que meus quatro leitores - três amigos e um parente - considerem coisa bem complicada, já que um velho ditado assegura que “uma ideia fácil de compreender não merece ser compreendida”.

Não por acaso, para entender a coisa, tive que pegar o carro e conferir in loco o projeto. É o seguinte:
Ali, à esquerda de quem entra na rua/estacionamento do Clube do Moinho, frontalmente à sede do Clube, há uma grande várzea pertencente à Chácara Desengano. A montante dessa várzea desce pela grota um pequeno córrego, bem à direita de quem sobe para São Lourenço. Localizaram-se?
Será que alguém supõe aquele vale inóspito como referência turística e orgulho da cidade de Leopoldina? Acho que não. Mas a tese é que poderá ser.

Se for construída uma grande barragem no riacho, uma barragem que atravesse a várzea fronteiriça ao estacionamento do Moinho na direção do Bairro Pinguda, produzir-se-á um enorme e maravilhoso LAGO em formato de pêra. Um lago de largura maior em sua frente, intrometendo-se grota a dentro por cerca de quinhentos metros, produzindo um espelho d´água com dimensões suficientes para a prática de esportes aquáticos, remo, vela, pedalinhos, jet sky e similares.

Agora imaginem o portento dessa enorme represa emoldurada, em todo o seu contorno, por pistas demarcadas para ciclismo, para caminhadas, patinação, skate, quadras múltiplas para vôlei, peteca, basquete, futebol society, etc. Na várzea contígua ao portão principal do Moinho, teríamos o acesso ao complexo com sobras de espaço para amplo estacionamento, praça de alimentação, área de camping, feira ao ar livre, parque de diversões, circos, etc.

O acesso principal a essa enorme área pública seria pela Rua Dr. Custódio Junqueira, mas o cimo da própria barragem, funcionando como parte da via de contorno do lago, permitiria também o acesso opcional pelo lado da Igreja de São José.

Enfim, o que é hoje um terreno baldio, ocioso, não edificável, abriga o potencial de um projeto de enorme repercussão social, que valorizaria enormemente a cidade, agregando-lhe beleza, qualidade de vida e charme urbanístico. Seria como abrir na parede cega uma janela para o nascente.

É inegável que se trata de sugestão apriorística a demandar amadurecimento e estudo prudente por administradores arrojados e competentes. Cumpre destacar, desde logo, entretanto, que dispomos desse patrimônio urbano imanifesto, do qual as pessoas não dão conta porque realmente não é simples divisar na paisagem coisas que nela ainda não estão.

Alguém dirá: mas é preciso muito dinheiro para se fazer um lago desses! Claro, bastante dinheiro. Mas pode ser menos do que se pensa. Para começar, a desapropriação dos terrenos, pela característica de sua franca imprestabilidade atual, poderia ser, no todo ou em parte, negociada com os proprietários na moeda in natura da simples fruição das áreas contíguas. Ou seja, o proprietário que hoje possui ali terrenos “imprestáveis”, voltados para o brejo e para o despenhadeiro, se indenizaria à tripa forra passando a possuir lotes altissimamente valorizados, servidos por via pública urbanizada e nobre. Pouco ou nada teriam a receber, interessando-se talvez em até contribuir para o empreendimento.

O projeto em si, dependendo de oportunidade futura, seria passível de inclusão em linha de crédito oficial de recuperação de caudais urbanos. Petrópolis, por exemplo, na década de 70, reequilibrou as instáveis barrancas do Rio Piabanha com linha de crédito federal específica para duplicação de sua longa Av. Rio Branco. No caso, uma coisa estava ligada à outra.

Expectativas de financiamento, entretanto, sempre incertas e aleatórias, não excluem o concurso da iniciativa privada num plano segmentado e inteligentemente concebido.
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(Publicado na Gazeta de Leopoldina de 28.03.2003)

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