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domingo, 15 de agosto de 2010

Querendo Entender

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Janeiro, 2006

Clepto, do greco klépto = Roubo, roubar; Cracia, do greco krátia = Governo, autoridade; CLEPTOCRACIA = Governo de ladrões (fonte: Dic. Aurélio).
Vide relatórios das CPIs. As provas nos inquéritos parlamentares dão conta de que não há muita falsidade nas acusações recíprocas entre petistas, peessedebistas e pefelistas. É tudo verdade. O que nos leva a outra realidade terrível. O Brasil saiu de uma ditadura, no final do governo Figueiredo, e entrou numa CLEPTOCRACIA desvairada. Governo Itamar à parte, a truculência deu lugar à pilhagem. Confesso que não tenho saudade da ditadura. Mas tenho pena deste Brasil vítima do baixo padrão moral de grande parte de seus homens públicos. E, claro, da estupidez incomensurável do povo infeliz que os elege. Aliás, a maneira desastrada como o povo brasileiro escolhe representantes é garantia constante de horizontes nublados.

▪Tio Candim, enxadeiro, filósofo e macumbeiro dos meus bons tempos de criança, acha que os partidos políticos brasileiros se comportam como facções clandestinas. Acerta pela média. O PT que emerge das CPIs em andamento, com valerioduto e cuecas recheadas, mereceria melhor classificação? E o PMDB da suspeitíssima contumácia no Ministério dos Transportes, do Estevão, do Governo Sarney, do Newtão, do Quércia, do Genebaldo, do Barbalho, do Zé Geraldo “Quinzinho”? E o PFL da grana de responsa nas burras da Roseana, das loterias do João Alves, do painel eletrônico do ACM avô, do Fiúza, da fidelidade canina ao Collor e ao PC? E o PTB do Jéferson, do Queiroz, da Sra. Cândido? E o PSDB do Senador Arruda, das obscuridades do Azeredo, do governo FHC nas privatizações opportunitysticas do Mendonça de Barros, do limite ricardiano da responsabilidade? E o PL do Mabel, do Costa Neto, do Bispo Rodrigues? Ó tempos, ó costumes!

▪Não há exagero em dizer que as próximas eleições se resumirão a uma luta entre amigos do alheio para definir quem se ocupará dos cofres públicos nos quatro anos seguintes. Ou seja, votaremos pela permanência de larápios ou pelo rodízio deles. Uma escolha entre o que aí está e o que aí esteve.

▪Vira e mexe o assunto Previdência volta à tona. Previdência diz respeito ao bolso, ao estômago, à saúde e ao futuro de cada um. Mesmo lembrando que no longo prazo estaremos todos mortos, incomoda o temor de que, antes, possa vir miséria e abandono. Uma previdência falida e sem perspectivas de sustentação é espada de Dâmocles sobre nossas cabeças. O problema não é só brasileiro. Sabe-se que a população economicamente bem situada, nos países desenvolvidos, vem tendo um filho por casal no máximo dois. A dúvida é: como, numa sociedade sempre mais competitiva, esses (poucos) filhos irão prover os custos previdenciários dos pais – cuja longevidade aumenta? Complicadíssimo! A ameaça futura pode ser penúria na velhice, já que também os salários descem a níveis asiáticos.

▪O nivelamento por baixo, feito principalmente pela TV quando deixa que o grande público, via institutos de pesquisa, lhe fixe a pauta dá que pensar: - Quem está educando a quem? A TV educa o povo ou o povo educa a TV? Veja essa interessante minisérie “JK”, da Globo. Para contar a história de um grande estadista já enfiaram, desde os capítulos iniciais, cenas de sexo explícito (inclusa uma de estupro não convencional) e um altíssimo percentual de tomadas em bordel. Tudo para atrair o grande público em cima da propalada natureza boêmia do legendário Juscelino. Não é que esteja ruim, mas podiam pegar mais leve, né?

▪Tome gafe. Não faz muito tempo, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B - SP) depois de almoçar com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em Viçosa, Alagoas, saiu com este comentário: “- De tanto falar de política, ele parecia Lázaro escolhido por Cristo para ressuscitar”.
Vê-se que nossa Câmara de Deputados não anda bem servida de presidente, ultimamente. Se depois de almoçar com um homem público do nível de FHC, Aldo foi capaz de tal comentário grosseiro, ele carrega, para mim, uma virtude e um defeito. Como virtude, a verve - sem dúvida notável; o defeito seria a falta do legado doméstico do berço e seus consectários de natureza ética.

▪E vai noticia do Oriente Médio! Entendo, até prova em contrário, que a importância de Israel e Palestina é estratégico/militar, tão somente para os Estados Unidos. O espalhafatoso destaque que nossa imprensa dá a cada incidente de rua ocorrido por lá me soa como macaqueamento de preocupação alheia. O território geográfico de São José do Rio Preto, SP, por exemplo, é muito mais importante para o Brasil e eu, nascido na Lajinha, pras bandas dos Carrapatos, não sou informado sobre quem é o prefeito de lá.

▪Vou transcrever declaração do Sr. Rodrigo de Rato, diretor-gerente do FMI, à TV: “O que posso dizer é que o Brasil não tem há mais de uma geração uma oportunidade tão boa como tem hoje de assentar-se num caminho de crescimento. A economia brasileira é dinâmica, com um futuro promissor. Crescerá mais em 2006 do que cresceu em 2005, com menos inflação, custo menor de sua dívida, menos pobreza e mais emprego. Isso foi obtido depois de muitos esforços, mantendo uma política macroeconômica que garante a estabilidade. Creio que é do interesse dos brasileiros não perder tudo o que foi alcançado e continuar trilhando o caminho de uma economia que dará resultados cada vez melhores. (...) Queria lembrar que, em outros momentos em que o ambiente internacional foi favorável, o Brasil não se beneficiou da mesma maneira. É verdade que hoje a situação internacional é mais favorável, mas também é verdade que os brasileiros fizeram muitas coisas na direção correta para colher os benefícios”.

Nada tão claro: o diretor do FMI está com o Palocci e não abre. A única crítica, aliás, que se poderia opor ao PT, hoje, é que o governo Lula conduz a política econômica exatamente como o PSDB o faria. Ou seja, na área econômica há continuísmo. Mas que o Palocci tem defensores importantes, tem. O que explica a percepção corrente de que o establishment (leia-se, quem está por detrás do poder, no Brasil) confia mais no Palocci que no Serra.
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(Publicada no Jornal LEOPOLDINENSE de 30 de janeiro de 2006)

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