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Janeiro, 2007
Jamais! O que eu não dou é chance pro azar. Fiquei assim depois de ralar muito,
de apanhar muito da vida. Quem achar exagero que quebre a cara. Dizem que os
sábios vivem da experiência alheia; os idiotas, da própria.
Por exemplo: quando, à noite, me recolho ao leito, custa alguma coisa passar tetrachave na porta e na janela do quarto? A imprensa vive noticiando casos de assassinatos, inclusive por estrangulamento, durante o sono. Eu sou bobo?
E pegar estrada depois do meio dia, no verão? Eu hem! Tempestades geralmente se formam à tarde e são muitas as encostas pingentes, ávidas por soterrar veículos. A Lei de Murphy é uma realidade.
Direção tem que ser defensiva: eu deixo os faróis acesos durante o dia. Motoristas em sentido contrário redobram a atenção quando sentem que de lá pra cá pode estar vindo “um bolha”. Beneficie-se disto.
Amizades novas, “ni” pensar. Pé atrás. Procure saber de quem se trata, a origem da pessoa. Em regra, o galho nunca despenca muito longe do tronco...
Água, quem quiser ir por mim vai preferir água de mina. Ainda que isto lhe custe levar garrafas PET na mala do carro para enchê-las em alguma fonte distante. Água de rio é tratada com produtos químicos na tentativa (vã) de isentá-la da pestilência dos esgotos de outras cidades a montante da captação. Arght!
Jamais comer salgados ou doces na rua. Nunca se sabe que mãos deram forma à guloseima. Refrigerantes também não. Por acaso você já viu, na TV, alguma reportagem mostrando caminhão acidentado derramando frutos, polpa ou xarope de algum refrigerante na pista? Claro que não, porque estas coisas não existem! Refrigerante é química pura. Quem bebe é idiota.
Suco de caju também é fria. Prende o intestino e, se pingar na camisa, era uma vez.
Animais domésticos, de jeito maneira. Zoonoses perigosíssimas! Além do que deixam uma murrinha em sua casa com o qual seu nariz vai acostumar. Embrulha o estômago das visitas. Só das visitas.
Anote esta: em restaurantes e bares, ao levar à boca o cafezinho com a mão direita, você toca os lábios exatamente no ponto onde, antes, outros já tocaram. Seja previdente: segure a xícara com a mão esquerda, mesmo não sendo canhoto. É estratégia inteligente para diminuir o risco de uma hepatite ou coisa pior.
Pratos e talheres, inclusive caseiros, estão sujeitos à contaminação por insetos. Não custa ter sempre álcool e fósforo à cabeceira da mesa, para flambá-los antes do uso.
O ar que transita pelos pulmões dos seres vivos certamente transportam vírus. Prenda a respiração sempre que pessoas, cães, gatos e outros viventes passarem perto de você.
Pombos e outros pássaros são hospedeiros de piolhos e doenças graves. Se nidificarem no beiral do seu telhado, compre uma carabina e... tolerância zero.
Já a gripe das aves se propaga através das espécies migratórias. Procure informar-se, no Google, se sua região é rota de passagem ou destino de alguma delas. Sendo o caso, mude-se após desinfecção básica em seus pertences.
O aquecimento global vem elevando o nível dos oceanos. Se você possui casa na praia é prudente vendê-la antes da eventual submersão. Ademais, a exposição ao sol é cumulativa no ensejo ao câncer de pele.
Ovo é alimento rico em proteínas, mas a postura via cloaca avícola lhe conspurca a higiene. Lave-o com água e sabão antes de estalá-lo na frigideira. Salmonela é um perigo!
Monitores fosforados emitem raios danosos ao sangue. Não sendo possível erradicar em definitivo o uso do computador, proteja pelo menos os braços com papel aluminizado.
Nos dias secos, o ar que se respira nas ruas é repugnante. Fezes caninas e mucos vertidos por gente mal educada que cospe nas calçadas, viram pó e entram em suspensão no ar. Não permita que tudo isto vá parar no seu pulmão. Umidificar as paredes internas das narinas com óleo de girassol irá aumentar seu poder respiratório de retenção a resíduos.
Por último, mas sem pretender esgotar o rol dos conselhos úteis, quando a viagem é longa nem sempre nos é possível evitar toaletes públicos, locais altamente contaminados. Pode parecer extravagante, mas não custa nada incluir na bagagem de mão uma tampa de vaso sanitário para seu uso individual.
O mais é não ligar para o que os outros pensam. A saúde acima de tudo.
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(Crônica publicada aos 31.01.2007 no jornal LEOPOLDINENSE e, a 06.05.2010, em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
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