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Novembro, 2010
Nunca a lógica do jogo político esteve tão clara: se a guerra ao inimigo foi vencida e já não preocupa, a disputa pelo espaço vem pra dentro de casa. É o que está ocorrendo ao governo após o caminho limpo que se abriu com a oposição a nocaute.
Os partidos da base se organizam para defender espaços no poder: ministérios, presidência da Câmara... À luta pelas batatas segue-se o antagonismo pela divisão das batatas – para usarmos a conhecida metáfora de Machado.
É da natureza humana. Aliás, da natureza animal. E vem de longe. Primatólogos constatam que a disputa organizada é comum também entre grupos de chimpanzés, nossos parentes mais próximos. Ainda hoje esses primos do interior (interior das florestas, claro) buscam subjugar o inimigo como forma de obter alimento e expansão territorial.
É certo ainda que ninguém menos que Immanuel Kant parece ter-se convencido de que a predisposição para a guerra seria algo endêmico à natureza humana, estando esse condicionamento associado talvez à capacidade de aperfeiçoar-se, vantagem com a qual a natureza também nos privilegiou.
Fica assim mais fácil entender porque, na ausência de oposição efetiva ao governo, que seria de responsabilidade do PSDB, alguns partidos da base da administração Lula - PMDB, PR, PP, PTB e PSC – estejam se organizando num “blocão” para emparedar a presidente eleita.
Estas legendas, que juntas totalizam maioria de 202 deputados na Câmara, buscam um único e explicitado troféu de guerra: manter seus respectivos nacos de poder. Ou, nas palavras do líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), “que ninguém se meta na seara do outro...”
O móvel decisivo da movimentação, identificado em cartada do PMDB pela presidência da Câmara na próxima legislatura, tem muito a ver com a disponibilidade para a luta acessória. A oposição tucana levada à lona na eleição de outubro não tem como incomodar, já não os une. O contendor imediato passa a ser o PT, com seu incomensurável saco de batatas à mão.
No final tudo dá certo. Lula já entrou no circuito declarando que não existe “blocão”. E se Lula diz que não existe, é porque não existe mesmo. Ou, se existe, deve parar de existir. É a fala do trono. Tem pra todo mundo.
₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪
(Publicado em 17.11.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/ e no jornal LEOPOLDINENSE online)
Novembro, 2010
Nunca a lógica do jogo político esteve tão clara: se a guerra ao inimigo foi vencida e já não preocupa, a disputa pelo espaço vem pra dentro de casa. É o que está ocorrendo ao governo após o caminho limpo que se abriu com a oposição a nocaute.
Os partidos da base se organizam para defender espaços no poder: ministérios, presidência da Câmara... À luta pelas batatas segue-se o antagonismo pela divisão das batatas – para usarmos a conhecida metáfora de Machado.
É da natureza humana. Aliás, da natureza animal. E vem de longe. Primatólogos constatam que a disputa organizada é comum também entre grupos de chimpanzés, nossos parentes mais próximos. Ainda hoje esses primos do interior (interior das florestas, claro) buscam subjugar o inimigo como forma de obter alimento e expansão territorial.
É certo ainda que ninguém menos que Immanuel Kant parece ter-se convencido de que a predisposição para a guerra seria algo endêmico à natureza humana, estando esse condicionamento associado talvez à capacidade de aperfeiçoar-se, vantagem com a qual a natureza também nos privilegiou.
Fica assim mais fácil entender porque, na ausência de oposição efetiva ao governo, que seria de responsabilidade do PSDB, alguns partidos da base da administração Lula - PMDB, PR, PP, PTB e PSC – estejam se organizando num “blocão” para emparedar a presidente eleita.
Estas legendas, que juntas totalizam maioria de 202 deputados na Câmara, buscam um único e explicitado troféu de guerra: manter seus respectivos nacos de poder. Ou, nas palavras do líder peemedebista, Henrique Eduardo Alves (RN), “que ninguém se meta na seara do outro...”
O móvel decisivo da movimentação, identificado em cartada do PMDB pela presidência da Câmara na próxima legislatura, tem muito a ver com a disponibilidade para a luta acessória. A oposição tucana levada à lona na eleição de outubro não tem como incomodar, já não os une. O contendor imediato passa a ser o PT, com seu incomensurável saco de batatas à mão.
No final tudo dá certo. Lula já entrou no circuito declarando que não existe “blocão”. E se Lula diz que não existe, é porque não existe mesmo. Ou, se existe, deve parar de existir. É a fala do trono. Tem pra todo mundo.
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(Publicado em 17.11.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/ e no jornal LEOPOLDINENSE online)
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