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quinta-feira, 4 de março de 2010

João de Andrade Machado

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(Publicado no jornal EQUIPE, da Prefeitura de Leopoldina, em 24.04.1997,
sob o título "Biografia de um Homem Exemplar")

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Ele tem 64 anos e trabalha na Prefeitura. É uma pessoa extremamente humilde, mas de riqueza interior elevada. Nasceu aqui mesmo, em Leopoldina, mais precisamente na Serra dos Puris. Foi aluno do Grupo Ribeiro Junqueira, Educandário Santa Terezinha e Colégio Botelho Reis.

É bastante religioso. Ainda criança, tornou-se o primeiro ajudante de missa de Dom Delfim Ribeiro Guedes. Depois foi Sacristão Mor da Catedral e saiu pelo mundo em busca do bom combate. Esperavam por ele as obras do Abrigo Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, onde viveu algum tempo e cursou a Escola da Ilha de Marambaia, fez Aprendizado Agrícola em Sacra Família e a Escola dos Lavradores, de Santa Cruz.

Em 1958 estava a serviço do Instituto Agrícola de Vitória, no Espírito Santo, trabalhando como catequista de menores infratores. Quando ali chegou o colégio era notável pela má fama e periculosidade de seus internos. Quando de lá saiu nosso biografado, a imagem se transformara. Os meninos passaram a ser referidos como “alunos”. Tal fato chegou a impressionar, na época, o então Governador Carlos Lindenberg e o Bispo de Vitória, D. João B. Albuquerque. Na fórmula, pouco mais que intuição cristã: tratar com desvelo perto de 600 crianças, preparar-lhes os cursos, dar-lhes batismo, crisma, primeira comunhão. Montar bibliotecas, salas de recreação, e até conduzir uma banda de música convidada a abrir um jogo internacional no Maracanã...

- O resultado? Entusiasmo e muita criança recuperada.

-Seria ele um homem estimado? Parece que sim. Nosso herói contabiliza, entre Rio de Janeiro e Vitória, perto de uma centenas de afilhados!

Foi ele quem fundou a Guarda Mirim de Leopoldina, na qual já estiveram sob seus cuidados cerca de 1.680 alunos. Hoje, alguns são militares, profissionais liberais, bancários, etc. Um deles veio certa vez a Leopoldina rever o mestre e adotou o hábito anual da visita, sempre acompanhado de esposa e filha: é oficial da Aeronáutica.

Fundou também a Escola de Samba Princesa Leopoldina, detentora de vários títulos, e, em Muriaé foi diretor do Patronato Dom Delfim Ribeiro Guedes, em 1954.

De novo, aqui em sua terra, nosso homem foi o fundador do coral Pequenos Cantores de Leopoldina e, com o grupo, transformou-se num incansável divulgador do Hino de Leopoldina, de autoria do saudoso Monsenhor Naves. Dizer que o Coral levou o nome de Leopoldina além do município não é tudo. Em verdade a repercussão pode ter chegado ao além-mar por conta de uma gloriosa apresentação no Orfeão Portugal, do Rio de Janeiro.
Contam-se às dezenas, as apresentações do Coral. Cidades houve em que a platéia chegou a 5.000 pessoas.

Já é quase dizer o nome do homenageado afirmar, por último, ser ele o fundador do MIL - Movimento Infantil Leopoldinense...

João de Andrade Machado - este o nome da generosa figura - vem de um tempo anterior ao Estatuto da Criança, quando as pessoas lutavam pela causa das crianças, cada um a seu modo. No ardor do engajamento pelo amparo às crianças ele já abordou publicamente um Governador de Minas, e, noutra oportunidade, ergueu pelo braço, de seu carro, o próprio Presidente Juscelino Kubstcheck.

João, mais conhecido como João Machado, dirige hoje o Coral do C.A.I.C. onde lida com 50 alunos. O apoio que recebe é pequeno. Mas, nele, é quase uma deformação da personalidade nada pedir, ser discreto e prestativo. Como se a vida do João saltasse um pouco das páginas do Diário de Anne Frank, onde ela diz, “... eu creio na bondade humana”.
Gente, se não damos vivas a um homem como este é porque, de fato, ninguém jamais será profeta em sua própria terra.
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