Maio, 2004
Li, ontem, um artigo sobre a toxidade de certos alimentos. Lembrou-me o
caso dos navios de soja vendidos à China, há alguns anos, e devolvidos. Bastou
que uma pequena quantidade de grãos contaminados por agrotóxicos, misturados a
toneladas contidas num navio, fossem detectados pela vigilância chinesa para
que os barcos tivessem que voltar ao Brasil com suas cargas infectas.
O episódio nos deu a prova do quanto nós, brasileiros, somos diariamente
envenenados às refeições. Não é de hoje, que os mega produtores de alimentos
nos envenenam.
Ou será que os produtos que nós ingerimos passam por fiscalização igual à
chinesa? Claro que não. A gente engole o que esses irresponsáveis mandam para
nossa mesa. Fubá de milho contaminado; óleo, leite, bifes etc., de soja
contaminada; farinha de trigo contaminada por raticidas e pelos de ratos
(exames do Instituto Adolfo Lutz
sempre acusaram); morangos contaminados (a Globo mostrou que produtores de
morango do sul do Brasil não arriscam comer o que colhem); batatas inglesas,
campeãs dos defensivos sistêmicos, mandados pela raiz ao interior do produto
para que as pragas o rejeitem; tomates superenvenenados (quanto mais bonitos
mais temíveis); melancias nas quais turistas estrangeiros, avisados, nem tocam
(um produtor de melancia, em Ceres, Goiás, me disse que a pulverização do
agrotóxico é semanal, mas, se chover, passa e incidir no dia seguinte a cada
chuva).
E a carne? Meu Deus! Nos velhos tempos já deu até marchinha de carnaval:
"Comeu carne de boi, falou fino”... O Brasil não controla o hormônio
atochado no gado de corte. Criadores, claro, gostam de lucro. Se podem tocar
hormônio na orelha do boi pra ele dobrar de peso na metade do tempo, não contam
até dois. O resultado? Bom, não provo a relação causa e efeito entre comer
carne e falar fino. Só sei que é notável o naipe de sopranos no país, e que o Brasil é campeoníssimo em canto lírico nas cidades sopraninas de San Francisco, Amsterdam e
Milão.
E nem adianta fugir da carne vermelha. A carne branca, do frango, também
tem hormônio. Muito! E, aqui entre nós, hem: hormônio de galinha.
(Publicado em 31.05.2004 pelo jornal LEOPOLDINENSE)
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.