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domingo, 27 de novembro de 2011

O Paradoxo da Saúde

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Novembro, 2000

Agora que conhecemos a opção das urnas, os telescópios baixam objetivas na realidade corrente. No nosso caso, o foco é a Casa de Caridade Leopoldinense. Como diria Chico Buarque, num verso de bom gosto, pode ser que "venha aí bom tempo".

Dois médicos do Corpo Clínico do hospital foram eleitos, respectivamente, Prefeito e Vice-Prefeito de nossa cidade. O Dr. José Roberto Oliveira e o Dr. Guilherme Junqueira Reis. Passados apenas alguns dias da apuração, comentários sobre composição de Governo não vão além do terreno indemarcado das especulações. Pode, todavia, vingar raciocínio itinerante segundo o qual o Dr. Guilherme viria conciliar suas funções de Vice com a responsabilidade da Saúde. É previsão alvissareira.

O médico Guilherme Junqueira Reis, pela segunda vez, vice-prefeito de Leopoldina tem uma respeitável folha de bons serviços à nossa DRS, já foi Provedor da Casa de Caridade Leopoldinense, já foi Secretário de Saúde e está, hoje, à frente do Asilo Santo Antonio, onde realiza um bom trabalho.

É, de longe, uma das inteligências mais agudas desta cidade, um homem probo, amigo, de finíssimo trato, muito equilibrado e sereno em seus posicionamentos.
Podem amanhecer das mãos dele − evidentemente, dentro do ideário do Prefeito José Roberto − dias menos nublados no horizonte da CCL.

É indispensável que Prefeito, Vice-Prefeito, Vereadores, todos, nos ajudem a "pensar" o Hospital, com a certeza de que, para ele, não existe remédio vindo de fora. Empréstimos, reforços de verbas ... é tudo bobagem. Temos que viabilizar, domesticamente, o Hospital.

Como sabemos, as entidades hospitalares, filantrópicas, neste Brasil, pós Constituição de 1988, resvalaram para a inviabilidade empresarial. Quebrados, vão esticando a própria agonia com o leite ordenhado de uma pedreira chamada Sistema Único de Saúde.

Se a situação comportasse humor poder-se-ia dizer que os constituintes de 88, ao assegurarem direito à saúde para todos os cidadãos, esqueceram-se de inscrever norma pétrea na "Carta Magna" segundo a qual toda despesa maior que recursos existentes, ficaria "obrigada" a gerar saldo positivo ...

Um absurdo não maior que deixar, como deixaram, os recursos fora dos cálculos.
Prevaleceu o insidioso populismo econômico de sempre. Nas palavras, sempre recorrentes, do ex-presidente do Banco Central, professor Gustavo Franco, da PUC-RJ: "É o lado kitsch da política econômica". Um mundo de conquistas sociais absolutamente inconsistentes, sem respaldo correspondente nos meios que as viabilizem, tipificando a definição do kitsch, tão bem escolhida pelo José Guilherme Merquior: "O agradável que não reclama raciocínio".
E salve-se quem puder!

Legislativo, legisla; Tribunal aplica. Saiu num jornal de Brasília decisão reconhecendo direito a um segurado do SUS de internar-se e tratar-se em qualquer instituição (mesmo particular), independente da existência de vaga. Viva!
-Será o triunfo do bem, no Arrnagedon? Ou apenas mais um espasmo kitsch, com seu meritório de efeito ao qual racionalidade não se aplica?
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(Publicado em novembro de 2000, no jornal PROJEÇÃO)

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