Março, 2004
Pra esse a cafajestalha
tinha que tirar o chapéu. Jorginho jamais trabalhou. Veio ao mundo para possuir
o Copacabana Palace e gozar férias. Divertiu-se nababescamente pelos melhores
hotéis e cassinos do planeta.
Tornou-se figura obrigatória em festas nos
castelos da Europa, festivais de cinemas e entregas de Oscar.
O colunista americano
Earl Wilson, numa aglutinação de Brazil
com millionaire, chamava-o de
"Brazillionaire".
Apesar de baixinho, era considerado atraente pelas
mulheres, simpático e muito querido por todos. Namorou algumas das mais belas e
famosas atrizes de Hollywood.
Ruy Castro nos conta,
no livro Ela é Carioca, a
"cantada" com que ele conquistou Ionita Salles Pinto, modelo,
socialite e empresária, uma das mulheres mais lindas e inteligentes (primeira
da classe no Colégio Notre Dame, Rio de Janeiro) de seu tempo.
Fascinado com a
sensualidade e a beleza de Ionita, ao se conhecerem na boite Le Bateau, disse-lhe:
– "Ionita tenho, 52 anos e você tem vinte. Dê-me dois anos de sua
vida. Para você, isso não é nada. Para mim, é uma vida inteira!".
Cantada tão sincera que
ela acabou lhe dando sete anos – observou Ruy Castro.
Acho também que
Jorginho acaba de ser "grande" na maneira como escolheu morrer.
Reduzido à penúria financeira ("Calculei meu dinheiro para viver 80 anos e
cheguei a 88. Me danei!") foi internado no Hospital Público de Ipanema,
com aneurisma.
Os médicos lhe teriam
dito que o risco da cirurgia seria o mesmo da "não cirurgia".
Prontamente ele assinou um termo de responsabilidade dispensando bisturis e foi
morrer com dignidade num apartamento do Copacabana Palace (Parece que, no
contrato de venda do Hotel, reservara para si direito a um quarto enquanto
vivesse).
Jamais Jorginho Guinle
se imaginaria aos 88 anos, decrépito, com escaras, em humilhante definhamento
terminal, numa enfermaria de Hospital Público. Playboy de alto nível não perde
a dignidade nem na hora de morrer.
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(Publicado em 13.03.2004 no jornal LEOPOLDINENSE/)
Achou essa história bonita?!
ResponderExcluirNem eu,mas quem sou eu para julgá-lo?!
Uma literalmete pobre e literalmente mortal.
Penso que minha existência, nunca saberá o que é ter tanto dinheiro.