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Outubro, 1995
Emocionante a linda homenagem a Serginho do Rock, prestada pelo cantor Dahal em seu Show de encerramento da Feira da Paz. Dahal foi todo sentimento dedicando ao inesquecível Serginho a canção “Cantador”, criação dele, Dahal, Jotacê e Luiz Ayrão. Um delicado hino à saudade, num luar de noite muito inspirada.
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E, para quem é do ramo, dias atrás, Ray Charles cantou no Parque das Mangabeiras, em Belo Horizonte. Sucesso absoluto num primor de organização. Verdadeira multidão tomou conta do Parque, mas – incrível! – só pessoas educadas. Nada de gritaria, nem correria ou mesmo vandalismo contra a bela vegetação do lugar. Após o espetáculo noturno de agradável reencontro com os clássicos do cantor, um quilômetro de público na direção do estacionamento. Todos caminhando em ordem, civilizadamente, calmamente, urbanamente. Até na segurança ostensiva, distinta e bem composta, aquele tom de mineiríssima dignidade.
Belo Horizonte é assim. Ninguém precisa dormir 12 horas num Jumbo para estar com gente civilizada!
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Oportuna e muito merecida a homenagem do vereador Nilo Ramos ao estimado músico Tuíu, do naipe de metais da nossa antiga Leopoldina Orquestra. Tuíu passa a ser o mais novo Cidadão Leopoldinense, por justo título que, em setembro último, lhe conferiu o Legislativo Municipal.
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Mestre-fundador da famosa orquestra que se tornou referencial de saudades para várias gerações leopoldinenses, o homenageado, hoje residente em Além Paraíba, aqui esteve com esposa e filhos para solenidade de outorga do título, ocorrida nos salões do Clube Leopoldina.
Rica em significados, servirá essa ótima lembrança de Nilo Ramos também de estímulo a uma Leopoldina onde a música popular quase não sobrevive. Sublinhava, aliás, essa incômoda realidade a ausência de uma única e isolada figura de músico local na populosa mesa condutora de trabalhos. Na platéia, entretanto, discreto entre os amigos, o aplauso pertinente do ex-companheiro de Leopoldina Orquestra, o “Ponté”.
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Na festa do Tuíu falou com elegância e propriedade o deputado e secretário de Governo, Bené Guedes. Nosso líder regional é um orador extremamente bem articulado, um político sem arestas.
Política é carreira aleatória por natureza, mas Bené Guedes logrou somar a pessoa exemplar que sempre foi à respeitável figura de homem público que construiu. O adequado ferramental que o habilita tornar-se um digno sucessor de Carlos Coimbra da Luz como liderança política profícua, genuína e duradoura neste seu (e nosso) pedacinho querido Brasil.
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Na imprensa mundial o julgamento de O. J. Simpson, o “Pelé” milionário do futebol americano. Nicole Brown Simpson e Ronald Goldman foram assassinados e o único suspeito do crime absolvido por um júri de maioria negra. O episódio revolve perigosamente o lodo do racismo na sociedade americana.
– Culpa de quem? Do competente advogado Johnnie Cochran, também negro, que elegeu a tese do racismo da polícia de Los Angeles para sua defesa? Claro que não. Os compromissos éticos do advogado com a sociedade não chegam a tal ponto.
– Culpa dos jurados, que decidiram emocionalmente? Também não, jurado não é jurista.
Culpa, talvez, do próprio “Instituto do Júri”, anacrônico penduricalho processual que muitos consideram sem qualquer contribuição a dar à justiça ao mundo moderno.
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Na imprensa brasileira, a brincadeira inconseqüente e grosseira com a chamada campanha contra a Aids. A melhor síntese veio pela verve de Paulo Francis: “O comercial sobre o Bráulio não é sequer uma questão de mau gosto, porque essa gente não partilha o mundo civilizado onde prevalecem critérios estéticos. É coisa de burocratas cascudos, interioranos de Brasília”.
Falou e disse. Irresponsável desrespeito e violação danosa à paz e ao direito de terceiros, praticados por meia dúzia de moleques ignorantes, travestidos de publicitários. Os prejudicados devem ir à justiças reivindicar polpudas (e justas) indenizações contra o Ministério da Saúde, claro. Depois, o Ministério que tente ressarcir-se, regressivamente, em desfavor de seus brilhantes contratados.
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Olha, quem vive na cidade grande sente. A degradação urbana pode ter começado com o primeiro Camelô ou com o primeiro flanelinha. Depois deve ter vindo o segundo, o vigésimo... Ninguém sabe o momento em que se passou ao descontrole, nem o multiplicador que estabeleceu o caos. Sabe-se, apenas, que a situação ficou irreversível. O Rio, por exemplo, virou um Paquistão sem passagem de volta. Qualquer tentativa de organização é senha para uma guerra.
Que os prefeitos do nosso (ainda tranqüilo) interior guardem, como legado do falecido Ibraim Sued, o indefectível bordão: -“Olho vivo, porque cavalo não desce escada”.
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(Publicado na Gazeta de Leopoldina de outubro de 1995)
quinta-feira, 24 de março de 2011
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