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sábado, 21 de janeiro de 2012

Malfeitos, estragos relativos

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Janeiro, 2012


O calcanhar de Aquiles da democracia brasileira está em que pessoas honestas, cultas e talentosas demonstram pouco apetite pelo poder, ao contrário dos medíocres e pilantras − obstinados pela ocupação de espaços políticos em que se protejam e negociem novas velhacarias. 

Juntando-se isto à notável empatia das massas pela pândega dos segundos, chegamos à demeritocracia renitente em que vivemos. Uma boa reforma política se impõe e estaria na hora de começarmos a pensar nela.

O problema é que o governo Dilma parece dar sinais de estropiamento. Anda borocoxô, em inegável marcha lenta. E olhem que Lula chegou a profetizar isto, quando da queda do Palocci. Ele disse para quem quisesse ouvir:
– Se o Palocci sair da Casa Civil o governo não vai andar.

Andar, sair do lugar, hoje como nunca, seria dar andamento às reformas. Tributária, previdenciária e política. Nesta última, bom seria se caminhássemos na direção de escolhas menos aleatórias, num molde de democracia mais imune a bandidos travestidos de políticos e mais tutora dos interesses da nacionalidade. 

Até lá, certamente, teremos que atravessar (a nado de peito), um mar de melhores leis, aprimoramento cultural e mais patriotismo.

Expectador à margem do poder, acima de quem é a favor e acima de quem é contra, favorece-me o olho limpo. Observo que os antipetistas, ou antigovernistas, não percebem todas as nuances da tragédia. Os muitos e sérios percalços por que passou o PT, no governo Lula e, agora, na dança dos ministérios, com Dilma, comprometeu, sim, a imagem do partido.

Pena que as credenciais da oposição para capitalizar em praça pública essas perdas situacionistas são, no mínimo, problemáticas. Entra em cena um implacável relativismo. É que, ao desmoralizar-se na esteira dos “malfeitos”, o PT não cai abaixo de seus contendores: nivela-se a eles.  


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(Publicado em 21 de janeiro de 2012 no jornal LEOPOLDINENSE)

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