Janeiro, 2012
O calcanhar de Aquiles da democracia
brasileira está em que pessoas honestas, cultas e talentosas demonstram pouco
apetite pelo poder, ao contrário dos medíocres e pilantras − obstinados pela
ocupação de espaços políticos em que se protejam e negociem novas
velhacarias.
Juntando-se isto à notável empatia das
massas pela pândega dos segundos, chegamos à demeritocracia renitente em que vivemos. Uma boa reforma política
se impõe e estaria na hora de começarmos a pensar nela.
O problema é que o governo Dilma parece
dar sinais de estropiamento. Anda borocoxô, em inegável marcha lenta. E olhem
que Lula chegou a profetizar isto, quando da queda do Palocci. Ele disse para
quem quisesse ouvir:
– Se o Palocci sair da Casa Civil o
governo não vai andar.
Andar, sair do lugar, hoje como nunca,
seria dar andamento às reformas. Tributária, previdenciária e política. Nesta
última, bom seria se caminhássemos na direção de escolhas menos aleatórias, num
molde de democracia mais imune a bandidos travestidos de políticos e mais tutora
dos interesses da nacionalidade.
Até lá, certamente, teremos que
atravessar (a nado de peito), um mar de melhores leis, aprimoramento cultural e
mais patriotismo.
Expectador à margem do poder, acima de
quem é a favor e acima de quem é contra, favorece-me o olho limpo. Observo que
os antipetistas, ou antigovernistas, não percebem todas as nuances da tragédia.
Os muitos e sérios percalços por que passou o PT, no governo Lula e, agora, na
dança dos ministérios, com Dilma, comprometeu, sim, a imagem do partido.
Pena que as credenciais da oposição para
capitalizar em praça pública essas perdas situacionistas são, no mínimo,
problemáticas. Entra em cena um implacável relativismo. É que, ao
desmoralizar-se na esteira dos “malfeitos”, o PT não cai abaixo de seus
contendores: nivela-se a eles.
(Publicado em 21 de janeiro de 2012 no jornal LEOPOLDINENSE)
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