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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

YARA

***
(Ao colega de Pré-Vestibular e de Calabouço, Joaquim de Melo)


Quis esta sorte, caro poeta amigo
trazer-me aos olhos a mesma paisagem
que a mesma sorte pra seus olhos trouxe,
visão, qual seja, da mesma miragem.

***
Levou-me o vento desta nossa sina,
àquele sítio, àquela ribeira,
onde Mãe d'Água, que você não viu,
por mim foi vista pela vez primeira.

***
E como é bela, e que pureza encerra,
quem você cuida ser a mãe de todos!
Pois saiba, amigo, que é renúncia à terra:

***
A loira d'água, nossa igual vertigem,
Naquela gruta, foge do pecado,
chama-se Yara - e permanece virgem.

***
José do Carmo, 1960

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