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segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Roberto Carlos

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Sábado, 11 de julho, assisti na TV ao show do Roberto Carlos. Disposto a falar das emoções que vivi diante do que vi no Maracanã, devo dizer que nunca estive entre os fãs de carteirinha do Rei. Jamais comprei um LP ou um CD de Roberto Carlos, embora possua alguns, ganhos de presente. Nunca fui a um show de Roberto Carlos. Sou, entretanto, capaz de cantar, sem lapsos de memória, pelo menos umas vinte canções dele. Se abusar, arranho algumas delas ao violão.

Agora, minha opinião: nunca houve, e dificilmente haverá no mundo, um cantor que haja conquistado o carinho e a devoção que Roberto Carlos conquistou de seus admiradores. E... eu estou entre estes.

Não é só por ter sobrevivido, fisicamente, aos Beatles que Roberto emplacou mais sucessos do que eles. Não, ele emplacou mais sucessos do que os Beatles porque ele é muito bom de serviço. Um baita compositor, um baita letrista popular. Se não é fenômeno de voz, é fenômeno de empatia com o grande público. Exatamente isto, um raro fenômeno de empatia com o público.

Foi com retravada emoção que o vi repassar, a um Maracanã repleto, as diferentes fases de sua carreira e seus velhos sucessos. Tudo na medida certa para nos fazer dormir, um pouco depois, sob o porre benigno de nossas melhores recordações.

Cada canção de Roberto é um retalho, uma tirinha colorida de nossas vidas. De versos simples, que não pedem para aparecer, a canções do Roberto nos impregnam o espírito como delicada colônia acima dos perfumes mais nobres.

Versos que marcaram lugar no teatro de nossas existências entraram em campo e nos arrastaram àqueles muitos lugares adolescentes onde pela primeira vez nos tocaram. A uma praia bucólica do Espírito Santo, a uma cidadezinha do interior de Minas, a um baile de formatura num clube da Tijuca. Onde mais? O Roberto, de repente - ou seja, no correr da vida – veio se afirmando como o amigo de fé, o irmão camarada de cada um de nós!

Curioso como ele construiu dois Robertos distintos. O Roberto cantor e o Roberto homem, cidadão de Cachoeiro de Itapemerim. O segundo, ninguém pode dizer que conhece bem. É um homem discreto, de vida reservada. Já o outro, o Roberto Carlos cantor, este pertence ao Brasil, ao público, ao mundo.

O truque para que assim seja parece estar no sorriso providencial que ele inventou para separar um Roberto Carlos do outro. Ainda não nasceu repórter capaz de obter uma resposta redonda sobre fatos da vida particular do Roberto Carlos. A pergunta não é repelida... Isto não, educação sobra no homem. Mas entra em cena aquele sorriso de separar Robertos: hé,hé,hé...
O sorriso maroto pulveriza a intromissão e... vida que segue.

Roberto Carlos está aí, firme e forte, para continuar habitando a gavetinha nobre de nossas lembranças, nossas encruzilhadas da vida, nossas escolhas, nossos risos e nossas lágrimas. Mais para frente – como Deus é grande, nós continuaremos vivos e o Rei também – certamente voltaremos a encontrar nosso querido seresteiro, olhar para trás e dizer que o nosso amor nada mudou.
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(Publicada em 16.07.2009 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)

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