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sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Casa de Caridade Leopoldinense - 105 Anos


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Agosto 2001



A Casa de Caridade Leopoldinense, de Leopoldina, MG, completa 105 anos neste agosto de 2001.
Em setembro de 1894 os médicos Joaquim Custódio Guimarães Júnior e Joaquim Antonio Dutra faziam parte da Comissão de Saúde da Câmara Municipal e votaram a Lei nº24/1894, que iria destinar fundos para a construção daquela que viria a ser a Casa de Caridade Leopoldinense. É o que consta do relatório assinado pelo então Presidente da Câmara, Lucas Augusto Monteiro de Castro: (Literis)

"Na ausência do Dr. Gabriel de Almeida Magalhães, benemérito presidente da Casa de Caridade Leopoldinense, por cuja inexcedível dedicação o nosso município brevemente terá a fortuna de ver instalar-se e possuir uma Casa de Caridade, eu (Lucas Augusto) e o Dr. Octávio Ottoni temos procurado obter um prédio para servir provisoriamente, mas até agora os nossos esforços têm sido baldados.
Para acelerar a instalação da Pia Instituição, a Câmara, na sessão de setembro findo, votou a Lei nº24 (de Setembro de 1894), que consigna 20:000$000 (Vinte contos de réis), e no orçamento de 1895 a verba de 10:000$000 (Dez contos de réis), como auxílio".

Temos aí, nas próprias palavras do então Presidente da Câmara Municipal (que na época era o Chefe do Executivo Municipal - Prefeito), Sr. Lucas Augusto Monteiro de Castro, a notícia de que a Casa de Caridade Leopoldinense já estava começando a nascer em setembro de 1894, com a Lei Municipal nº24/1894, que destinava fundos do orçamento do ano de 1894 e de 1895 para auxílio na sua construção.

Observe-se que a Prefeitura apenas auxiliou na construção da Casa de Caridade, porque o grande mérito da obra coube à Sociedade Leopoldinense de então que, comprovadamente, acorreu com generosas doações, dentre todos destacando-se aqueles que até hoje estão inscritos no artigo 46 dos Estatutos da Casa de Caridade como seus maiores beneméritos, detentores perpétuos do título de Supremos Protetores: o Dr. Gabriel de Paula Almeida Magalhães e sua esposa, Da. Maria do Carmo Monteiro de Almeida Magalhães.

Foi, assim, a Casa de Caridade Leopoldinense fundada aos 03 de agosto de 1896, num prédio adquirido na da Rua Manoel Lobato, como noticiou a "Gazeta de Leopoldina" em seu nº10, que circulou no dia 09 de agosto de 1896 (não identificamos ainda qual teria sido o prédio da Rua Manoel Lobato).

A ata da instalação foi lavrada pelo Sr. Augusto Lobo, e a reunião presidida pelo Tenente Coronel Manoel Lobato Galvão de São Martinho (então o Vice-Presidente da Câmara Municipal) que ao final do texto declarou achar-se formalmente instalada, a partir daquele momento, a Casa de Caridade Leopoldinense. Consignavam seus Estatutos que seria seu objetivo primordial o atendimento aos pobres sem recursos.

Na Rua Manoel Lobato as primeiras instalações, de 1896, são referidas como não propriamente adequadas à atividade hospitalar, carentes da comodidade que o bom atendimento à população já demandava, de mobiliário modesto, mas que mesmo assim "servia a prestar bons serviços médicos e cirúrgicos".
No dia 20 de julho de 1902 foi iniciada a construção do prédio atual da Casa de Caridade Leopoldinense, no alto da colina central da cidade.

Compulsando velhos documentos, chegamos ao texto do convite para o lançamento da Pedra Fundamental desse novo prédio do Hospital: (cópia literal, sem revisão gráfica)

"Leopoldina, 8 de julho de 1902. Cidadão - Estando marcado para o dia 20 do corrente o assentamento da pedra fundamental do novo edifício da Casa de Caridade Leopoldinense, conforme se vê do programa junto, a Directoria da pia associação e a comissão auxiliadora da construção do edifício, teem a honra de vos convidar para assistirdes a esta solemnidade. Contando com o vosso comparecimento, de antemão agradecem.
A Diretoria - Galdino de Freitas, Presidente; Ribeiro Junqueira, Thesoureiro; Domingos Ribeiro, Secretário; Theophilo Rocha, Procurador.
A Comissão Auxiliadora da Construção do Edifício - Vigário, Pe. Júlio Fiorentini; Dr.Custódio Junqueira; Ignácio Werneck; e José Augusto de Albuquerque".

Induvidosamente, portanto, ocorreu a 20 de julho de 1902, o lançamento da Pedra Fundamental do prédio da Rua Padre Júlio, 138.

É importante não confundir esta data de fundação com aquela outra que se lê num marco de granito exposto na entrada principal da Casa de Caridade, contendo a inscrição "SPB - 01.l2.1889". O marco de granito assinala a data da fundação da Sociedade Portuguesa de Beneficência, em Leopoldina, instituição da qual a Casa de Caridade Leopoldinense passou a ser sucessora, a partir de 25.03.1917, quando a S. P. B. foi liquidada.

Há documentação idônea, no arquivo do Hospital, das negociações para a absorção da Beneficência Portuguesa pela Casa de Caridade Leopoldinense. (São documentos que se acham guardados no Hospital e que foram compulsados pelo autor destas linhas, quando no exercício da provedoria da CCL). O contrato com a SPB previu atendimento e amparo aos sócios daquela instituição, responsabilização nas despesas de funerais a que tinham direito os sócios portugueses e, curiosamente, o compromisso expresso de que viesse a ser preservado, "em local de destaque na C.C.L.", o marco fundamental da S.P.B. (Durante alguns anos esteve soterrado num alicerce interno do Hospital. A provedoria de que participamos o colocou, em destaque, na porta principal da CCL, onde hoje se encontra)

Tinha-se, portanto, que desde a inauguração (em 1896) na Rua Manoel Lobato, o crescimento da cidade passara a exigir maiores investimentos "em benefício dos doentes e em proveito da prática profissional dos médicos". Impunha-se a construção de novo prédio, com mais espaço e funcionalidade. Por isto, como foi dito acima, a partir de 20 de julho de 1902, seis anos após a inauguração na Rua Manoel Lobato, a população de Leopoldina pôs mãos à obra do soerguimento de seu novo Hospital, no proeminente e central quarteirão do morro da Matriz, local de facílimo acesso, tranqüilo e com descortino de ampla paisagem.

Os recursos para a construção foram obtidos, como foi dito, em sua maior parte, junto a pessoas gradas da sociedade leopoldinense. Atas de assembléias antigas e algumas certidões de escrituras registram inúmeras doações de imóveis feitas, na época, em benefício do Hospital. Tanto doações em vida, como doações consignadas em testamento para transmissão pos mortem.

Ignácio de Lacerda Werneck, por exemplo, que foi Provedor da C.C.L. durante 28 anos, de 25/04/1908 até 08/06/1936, data do seu falecimento, fez doação ao Hospital de dois prédios residenciais seus: um na Rua Cotegipe, outro na antiga Rua do Rosário (hoje, Rua Tiradentes). Muitas foram, também, as doações em bens móveis, como apólices, ações de empresas, mobiliário, roupas, etc.

A história da nossa centenária Instituição de Caridade nos lembra (ou nos ensina!) que ela nasceu e tem buscado sobreviver, sempre, sob a égide exclusiva do sentimento de solidariedade do povo bom e culto desta amada Leopoldina.

Impávido, como a reverenciar seus antigos benfeitores, segue o prédio de 1902, após um século de reformas, adaptações e acréscimos, abrigando - com relativo conforto e já agora com boa tecnologia - a Casa de Caridade Leopoldinense.

Corpo Clínico com cerca de 60 médicos, cobrindo as principais especialidades; 168 leitos em utilização; 6 leitos de C.T.I. (com possibilidade de expansão para 12),detendo, na Região, a melhor classificação técnica da Secretaria de Saúde; 6 profissionais de enfermagem de nível superior; 66 auxiliares de enfermagem; 2 técnicos; 8 atendentes de enfermagem; e 180 funcionários.

É certo que a Instituição ainda enfrenta problemas, comuns aos Hospitais que "foram crescendo com o tempo". Problemas como os múltiplos portões de acesso existentes (duas grandes portas simetricamente opostas num enorme quarteirão, entradas adicionais através do Pronto Socorro, etc.) fatores que dificultam o controle de pessoas, a vigilância sobre objetos, o registro regular para cobrança de certos exames e até de procedimentos cirúrgicos. Há, também, seções administrativas em espaços demasiado internos. Pouca funcionalidade em setores como o Raio-X, locado no interior do nosocômio, impondo trânsito de "não doentes" pelos setores reservados do Hospital, tumultuando o controle de visitas nas enfermarias, etc.
Aliás, o Raio-X está em obras para ter um acesso externo, pretendendo-se unificar todo o Setor de Imagens.

Com recursos limitados, nosso Hospital vai melhorando aos poucos. Vez por outra a população de Leopoldina é convidada a mais um gesto de amor à sua centenária aliada das horas difíceis - a Casa de Caridade.

Assim é que no último dia 3 de agosto de 2001 o Hospital comemorou seus 105 anos. Um século de serviços à população carente de Leopoldina. Parabéns à CCL, parabéns aos funcionários, aos médicos, ao corpo de enfermagem e aos auxiliares. Parabéns à primeira Diretoria, bravos fundadores, cento e cinco anos depois vivos em nossa memória reconhecida! (Primeira Diretoria, empossada em 1897)

PRESIDENTE: Tenente Coronel Manoel Lobato Galvão de São Martinho
VICE-PRESIDENTE: Dr. Joaquim Antonio Dutra (Médico, Presidente da Câmara Municipal)
TESOUREIRO: João Luiz Guilherme Gaide
SECRETARIO: Dr. José Monteiro Ribeiro Junqueira
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(Publicada na Gazeta de Leopoldina de agosto de 2001)

Um comentário:

  1. ACHO QUE DEVIDO A FALTA DE RECURSO O CLIENTE DEVERIA SER TRANSERIDO PARA UM HOSPITAL COM MAIS CONDIÇOES E MEDONHO PERDER UM ANTIQUERIDO TAO JOVEM.

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