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Junho, 2009
No dia 16/06/2009 o jornalista Ricardo Noblat, em seu Blog do Globo Online, transcreveu impressão cética de Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha, sobre a crise do Senado. Disse ela:
“Nem mesmo os poucos senadores ativos na formulação de alguma resposta aos novos escândalos acreditam que José Sarney (PMDB-AP) venha a ser apeado do comando da Casa. Não obstante a multiplicação de parentes pendurados no quadro de funcionários e outros embaraços nas costas do presidente, o caso dos atos secretos envolve gente (inclusive da oposição) o bastante para garantir sua permanência.
Quase todos apostam, porém, que a sobrevivência de Sarney no cargo se dará à custa de um alheamento ainda maior do cotidiano do Senado e de uma dependência cada vez mais explícita do esquema de poder gerenciado por Renan Calheiros (PMDB-AL).
É lamentável que a anemia ética do Senado haja feito dele um doente grave na UTI da paciência nacional. Naquela casa parece não haver mais espaço para a decência. A probidade tornou-se a grande ausente e a vergonha nos semblantes uma dúvida repleta de fundamentos.
Chegamos a tal ponto de degenerescência moral que fica difícil imaginar remédio para o impasse. Dá para pensar em coisa como o alcançado êxito da ruptura institucional. Ruptura que talvez não se concretize apenas em razão da conjuntura favorável, na política e na economia.
Já não sobram dúvidas nas ruas de que o Senado apodreceu, apenas falecendo às instituições o caminho incruento de seu descarte por imprestabilidade. O país seguirá dando milho ao bode de uma Câmara Alta convertida em baluarte da falta de compostura, da desonra, da esperteza moleca e da insolência crua na face dos brasileiros.
Locupletam-se por lá, à tripa forra, nossos Lordes de fancaria. Figuras lamentáveis que, instadas a explicar solércias nepóticas e alcances sobre dinheiro público, invocam cinicamente suas “histórias pessoais”. Que história pessoal tem o cavalariano astuto das circunstâncias, que jamais exerceu uma única delegação outorgada por compatriotas lúcidos? Em que dignificante história se socorre o lambari de enxurrada, o pau rolado dos confins dos judas onde barganha mandatos que os de casa talvez não lhe garantissem?
Os brasileiros de bem esperam do judiciário, que nem sempre se revela santo, um urgente endurecimento de vértebras. Também do Ministério Público e da Polícia Federal. A nacionalidade pede socorro. O Senado é depositário dos laços seminais do nosso sistema federativo. Não podemos entregar esse paradigma da coesão brasileira aos vermes, como se faz nas exéquias a um cadáver.
Uma providência tem que ser tomada agora! O exemplo viciado vindo de cima é praga social que se espalha como fragmentos de uma explosão sobre o mar. Vira moda, vira mote, vira morte da virtude e do pudor. Degenera o sentimento de pátria.
₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪₪
(Publicada em 25.06.2009 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
Junho, 2009
No dia 16/06/2009 o jornalista Ricardo Noblat, em seu Blog do Globo Online, transcreveu impressão cética de Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha, sobre a crise do Senado. Disse ela:
“Nem mesmo os poucos senadores ativos na formulação de alguma resposta aos novos escândalos acreditam que José Sarney (PMDB-AP) venha a ser apeado do comando da Casa. Não obstante a multiplicação de parentes pendurados no quadro de funcionários e outros embaraços nas costas do presidente, o caso dos atos secretos envolve gente (inclusive da oposição) o bastante para garantir sua permanência.
Quase todos apostam, porém, que a sobrevivência de Sarney no cargo se dará à custa de um alheamento ainda maior do cotidiano do Senado e de uma dependência cada vez mais explícita do esquema de poder gerenciado por Renan Calheiros (PMDB-AL).
É lamentável que a anemia ética do Senado haja feito dele um doente grave na UTI da paciência nacional. Naquela casa parece não haver mais espaço para a decência. A probidade tornou-se a grande ausente e a vergonha nos semblantes uma dúvida repleta de fundamentos.
Chegamos a tal ponto de degenerescência moral que fica difícil imaginar remédio para o impasse. Dá para pensar em coisa como o alcançado êxito da ruptura institucional. Ruptura que talvez não se concretize apenas em razão da conjuntura favorável, na política e na economia.
Já não sobram dúvidas nas ruas de que o Senado apodreceu, apenas falecendo às instituições o caminho incruento de seu descarte por imprestabilidade. O país seguirá dando milho ao bode de uma Câmara Alta convertida em baluarte da falta de compostura, da desonra, da esperteza moleca e da insolência crua na face dos brasileiros.
Locupletam-se por lá, à tripa forra, nossos Lordes de fancaria. Figuras lamentáveis que, instadas a explicar solércias nepóticas e alcances sobre dinheiro público, invocam cinicamente suas “histórias pessoais”. Que história pessoal tem o cavalariano astuto das circunstâncias, que jamais exerceu uma única delegação outorgada por compatriotas lúcidos? Em que dignificante história se socorre o lambari de enxurrada, o pau rolado dos confins dos judas onde barganha mandatos que os de casa talvez não lhe garantissem?
Os brasileiros de bem esperam do judiciário, que nem sempre se revela santo, um urgente endurecimento de vértebras. Também do Ministério Público e da Polícia Federal. A nacionalidade pede socorro. O Senado é depositário dos laços seminais do nosso sistema federativo. Não podemos entregar esse paradigma da coesão brasileira aos vermes, como se faz nas exéquias a um cadáver.
Uma providência tem que ser tomada agora! O exemplo viciado vindo de cima é praga social que se espalha como fragmentos de uma explosão sobre o mar. Vira moda, vira mote, vira morte da virtude e do pudor. Degenera o sentimento de pátria.
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(Publicada em 25.06.2009 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
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