Janeiro, 2011
Nenhuma conversa nesta primeira semana do ano pode escapar à efeméride nacional: a posse da primeira brasileira na presidência da república. Isto não acontece em 121 anos de vida republicana. No que a monarquia foi mais rápida: ainda que interinamente, Isabel assumiu a regência do trono brasileiro em três oportunidades de ausência do pai, numa monarquia que só durou 67 anos.
Agora é torcermos pelo sucesso de nossa primeira presidente (Sei que alguns preferem a forma gênero-desinente, “presidenta”... Acho feio e canhoto.), já que o Brasil deve ser posto acima das eleitorais pendengas e estamos todos na mesma jangada. Jangada, não, barco... O Brasil vem fazendo bonito e já pode ser considerado um barco. Talvez mais: o Brasil seria um navio... Um transatlântico, seguramente.
Que a mineira Dilma não quebre a sequência de bons administradores que tivemos, de Itamar - incluído ele - para cá. O voto do povão é tiririquento, mas temos dado sorte. Dizem que tudo conspira para que o Brasil dê certo. Principalmente a coerência nos objetivos dos diferentes governantes e o bom senso na escolha e manutenção dos instrumentos de política econômica. “Herança maldita” é rifão da boca para fora a reclamar conciliação mais honesta com o passado. Na verdade o receituário tem mudado pouco, para o bem de todos e felicidade geral da nação. Há muito de patrimônio hereditário nessa “sorte”.
Exemplo de felicidade maior que a do Brasil, talvez só em Belo Horizonte. A capital mineira vem sendo contemplada por uma ditosa sucessão de bons prefeitos, nos últimos vinte anos. De 1990 para cá, de Eduardo Azeredo a Márcio Lacerda, passando por Patrus Ananias, Célio de Castro e Fernando Pimentel, a cidade de Belo Horizonte beneficia-se de administrações probas e muito efetivas. O que é uma dádiva neste país de políticos pouco confiáveis.
São modelos de excelência, hoje, em Belo Horizonte, a Saúde Primária (como tal entendidos atendimentos ambulatoriais e clínicas básicas); o ensino infantil, através das UMEI (Unidades Municipais de Ensino Infantil); as incontáveis obras viárias, que dão à capital mineira um trânsito bem mais aceitável que o comum das grandes cidades; a urbanização das favelas através do programa “Vila Viva”, do Pimentel - o qual, aliás, inspirou o programa “Minha Casa Minha Vida” do governo Lula - já retirou milhares de famílias de áreas de risco, dando-lhes um verdadeiro lar. Lembre-se ainda a cultura levada às ruas, ao grande público, pelo FIT - Festival Internacional de Teatro, uma realização de lúcida e profícua inspiração.
Mãos à obra, presidente Dilma. É sua hora e sua vez de bem aprovisionar a trajetória da segunda mulher à frente do Brasil. A primeira passou à história: ficou conhecida como “A Redentora”. A senhora é beneficiária de muitas heranças benditas e não pode decepcionar. Repartido o bolo, mãos à obra e, aos insatisfeitos com seus respectivos nacos de poder, um lencinho para secar lágrimas de crocodilo. Que usem o desconfiômetro e parem de encher o saco.
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(Publicado aos 06.01.2011 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
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