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Outubro, 2010
Sinto-me um extraterrestre, às vésperas de uma eleição presidencial, falando de outra coisa que não seja política. Dane-se quem gosta de política. Não me excita nem um pouquinho a “sexualidade” ficar por aí avaliando publicamente se devemos votar pela presença de ladrões de galinha irresponsáveis na Casa Civil ou por ladrões de Banco, no limite da responsabilidade, em gabinetes da Av. Chile, no Rio. Nego-lhes, a ambos, palavras de afeição ou repulsa.
Minha pirraça atual é com o Professor Stephen Hawking – percebem o nível? – que em seu novo livro “The Grand Design”, contraria Sir Isaac Newton e a ele mesmo, Hawking, em obra de 1988, “Uma Breve História do Tempo”, afirmando que Deus não criou o mundo. Entende ele agora que um criador simplesmente “não foi necessário” ao surgimento da criação. A lei da gravidade sozinha terá dado conta do recado.
Obediente à gravitacional de Newton, matéria se encarregou de atrair matéria na razão direta de suas massas, deu-se a baita colisão inaugural e os mundos saíram-se expandindo pelos quadrantes espaciais. Quanto a Deus ter criado a matéria, isto é, tê-la tirado do nada, Einstein, que, aliás, acreditava num Deus que “não joga dados”, já dera equação ao problema: matéria é energia concentrada, portanto algo palpável que ao quadrado da velocidade da luz volta a ser apenas energia, uma realidade impalpável... Energia que pode, perfeitamente, ter sido criada por Deus e até com Ele confundida.
Cabe objeção a um outro pressuposto, também impalpável, mas “concretamente” presente no instante da criação: o ESPAÇO. Parece que para Hawking o espaço sideral por onde o universo “não criado por Deus” pôde expandir-se, nos instantes seguintes ao “Big Bang”, apareceu ali “de favor” (ou por milagre?), paralelamente ao surgimento espontâneo dos mundos. - Quem teria criado o espaço?
Hawking ainda vive na Inglaterra e bem que poderia nos explicar se o “Baita Estrondo” que resultou no mundo sem a necessária participação de um Deus, produziu também o espaço por onde as galáxias se expandiram. - Como terá surgido do nada o espaço infinito? Newton não o ajuda aí.
Por sua infinitude, o universo encerra mais dúvidas que certezas e não se nega que a ciência sempre agregue boas certezas. Só acho que nós temos certa pressa de tirar Deus da jogada. Isto vem de longe, desde que Copérnico desconfiou que a terra não fosse o centro do universo. E, ainda hoje, a existência de Deus entra em cheque a cada novo mergulho nas partículas elementares, como se a ciência precisasse empurrar Deus sempre para mais longe…
No entanto a melhor metáfora de Deus talvez esteja no oposto spinozo-panteista do macrocosmo, no incomensurável espaço sideral com seus atributos (divinos?) de “maior que tudo”, onipotência, eternidade, onipresença, existência incorpórea e necessária. O espaço cuja largueza infinda o estupendo parto universal simplesmente não teria leito onde deitar sua cria.
Tão insondável é a extensão celestial que escapa ao cérebro humano sua compreensão – do que não tem começo nem fim, independente da direção que se o perscrute.
-Que outro conceito senão o espaço cósmico estaria tão próximo da realidade divina como a podemos conceber?
Fiquemos então combinados: até prova em contrário, Deus é imagem e semelhança do espaço infinito, condição primeira da criação e causa em si. Não importa a latitude que nossos sapatos toquem a esfera terrestre. Quando olhamos para o alto Ele está sempre lá. E nós estamos com Deus.
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(Publicada aos 14.10.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
Outubro, 2010
Sinto-me um extraterrestre, às vésperas de uma eleição presidencial, falando de outra coisa que não seja política. Dane-se quem gosta de política. Não me excita nem um pouquinho a “sexualidade” ficar por aí avaliando publicamente se devemos votar pela presença de ladrões de galinha irresponsáveis na Casa Civil ou por ladrões de Banco, no limite da responsabilidade, em gabinetes da Av. Chile, no Rio. Nego-lhes, a ambos, palavras de afeição ou repulsa.
Minha pirraça atual é com o Professor Stephen Hawking – percebem o nível? – que em seu novo livro “The Grand Design”, contraria Sir Isaac Newton e a ele mesmo, Hawking, em obra de 1988, “Uma Breve História do Tempo”, afirmando que Deus não criou o mundo. Entende ele agora que um criador simplesmente “não foi necessário” ao surgimento da criação. A lei da gravidade sozinha terá dado conta do recado.
Obediente à gravitacional de Newton, matéria se encarregou de atrair matéria na razão direta de suas massas, deu-se a baita colisão inaugural e os mundos saíram-se expandindo pelos quadrantes espaciais. Quanto a Deus ter criado a matéria, isto é, tê-la tirado do nada, Einstein, que, aliás, acreditava num Deus que “não joga dados”, já dera equação ao problema: matéria é energia concentrada, portanto algo palpável que ao quadrado da velocidade da luz volta a ser apenas energia, uma realidade impalpável... Energia que pode, perfeitamente, ter sido criada por Deus e até com Ele confundida.
Cabe objeção a um outro pressuposto, também impalpável, mas “concretamente” presente no instante da criação: o ESPAÇO. Parece que para Hawking o espaço sideral por onde o universo “não criado por Deus” pôde expandir-se, nos instantes seguintes ao “Big Bang”, apareceu ali “de favor” (ou por milagre?), paralelamente ao surgimento espontâneo dos mundos. - Quem teria criado o espaço?
Hawking ainda vive na Inglaterra e bem que poderia nos explicar se o “Baita Estrondo” que resultou no mundo sem a necessária participação de um Deus, produziu também o espaço por onde as galáxias se expandiram. - Como terá surgido do nada o espaço infinito? Newton não o ajuda aí.
Por sua infinitude, o universo encerra mais dúvidas que certezas e não se nega que a ciência sempre agregue boas certezas. Só acho que nós temos certa pressa de tirar Deus da jogada. Isto vem de longe, desde que Copérnico desconfiou que a terra não fosse o centro do universo. E, ainda hoje, a existência de Deus entra em cheque a cada novo mergulho nas partículas elementares, como se a ciência precisasse empurrar Deus sempre para mais longe…
No entanto a melhor metáfora de Deus talvez esteja no oposto spinozo-panteista do macrocosmo, no incomensurável espaço sideral com seus atributos (divinos?) de “maior que tudo”, onipotência, eternidade, onipresença, existência incorpórea e necessária. O espaço cuja largueza infinda o estupendo parto universal simplesmente não teria leito onde deitar sua cria.
Tão insondável é a extensão celestial que escapa ao cérebro humano sua compreensão – do que não tem começo nem fim, independente da direção que se o perscrute.
-Que outro conceito senão o espaço cósmico estaria tão próximo da realidade divina como a podemos conceber?
Fiquemos então combinados: até prova em contrário, Deus é imagem e semelhança do espaço infinito, condição primeira da criação e causa em si. Não importa a latitude que nossos sapatos toquem a esfera terrestre. Quando olhamos para o alto Ele está sempre lá. E nós estamos com Deus.
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(Publicada aos 14.10.2010 em http://oglobo.globo.com/pais/noblat/mariahelena/)
Com tanta coisa ruim acontecendo no mundo, é difícil acreditar que exista um Deus. Mas mesmo assim é melhor acreditar. Vai que ele existe...
ResponderExcluirA tentativa de compreensão humana faz perguntas, não é Theófilo.
ResponderExcluir-Existe Deus?
-Ele criou o mundo?
-Para quê?
-Apenas para ser adorado?
-Gosto, no Spinoza, desse Deus que não está de lá, está aqui (no Universo), faz parte de tudo que ocupa o espaço infinito, que tem o mesmo TAMANHO do infinito, confunde-se com a criação e - o que mais me agrada e convence - nós somos partículas energéticas de seu próprio corpo. Os corpos celestes, também.
Quando Einstein beijou o tronco de uma árvore centenária do Jardim Botânico do Rio, duas micropartículas do organismo divino se tocaram...