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Janeiro, 2012
O jornal LEOPOLDINENSE vem de fazer uma enquete entre seus leitores com a seguinte pergunta:
- Qual seria o administrador ideal para o hospital de Leopoldina?
As respostas obtidas dão bem a medida do quanto a população leopoldinense anda atenta às dificuldades que afligem nossa Casa de Caridade. Luiz Otávio nos pede uma análise dos números e nós, pelo muito que amamos nosso Hospital e as pessoas que ali trabalham, entendemos útil toda troca de ideias sobre a saúde da população. É algo que fala de muito perto às pessoas de bem desta cidade. Eis o resultado da pesquisa:
Uma Empresa Especializada 85 votos
41,87%
O Supremo Conselho(Provedor) 35 votos
17,24%
O Município 32 votos
15,76%
A Associação Médica 28 votos
13,79%
O Estado 18 votos
8,87%
Tanto faz 5 votos
2,46% (Total de votantes: 203)
Os quase 42% dos votantes que optaram por “Uma Empresa” na administração do Hospital fazem uma boa escolha, no meu modo de ver. Não que isto vá resolver todas as dificuldades existentes; não vai. Mas seria a melhor forma de administrar a instituição. Diríamos, até, que a história demonstra que foi.
-Por que não resolve? Porque qualquer Empresa especializada em Administração Hospitalar nomeará, necessariamente, um “Administrador” que continuará sendo o ALVO da má-fé política, interna e externa, que sempre infelicitou o Hospital .
Politica interna, porque nem todos, dentro da CCL, desejam que ela seja tecnicamente bem administrada – tê-la mais complacente com o erro interessa a alguns; politica externa, porque os Prefeitos, na condição legal de “Gestores da Saúde no Município”, sempre lutaram (e lutarão) para ter à frente do Hospital um “homem deles”... E a arma nessa guerra é, e será sempre, o corte nas verbas: principalmente (mas não apenas) calote no pagamento das mensalidades do Pronto Socorro, sabidamente uma responsabilidade legal da Prefeitura, da qual o Hospital jamais conseguiu se livrar.
Todos se lembram das diversas ocasiões em que a Prefeitura suspendeu o pagamento das mensalidades do PS, até durante vários meses, na tentativa de defenestrar o Provedor. Por várias vezes o Hospital se viu à míngua dos mais elementares recursos para o pronto atendimento (ataduras, esparadrapos, antibióticos, desinfetantes etc.) por falta desses créditos.
Aliás, no dia em que o Ministério Público debruçar-se com especial carinho sobre o que os prefeitos de Leopoldina e seus Secretários de Saúde fazem com o Hospital, e aplicarem o “remédio” adequado, um coral de anjos entoará aleluias nos celestiais recessos.
Bom, mas quanto à enquete, devemos concordar com os 41,87% dos leitores votantes. É bem provável que se algum dia o Hospital vier a funcionar dentro de padrões mínimos de eficiência e confiabilidade, será sob égide de uma administração profissional.
Os 17,24% de leitores que optam pela continuidade do atual sistema, com um Provedor eleito pelo Supremo Conselho, certamente se louvam no aspecto HONESTIDADE, dos escolhidos. De fato, não consta ter passado pelo Hospital um Provedor sobre o qual haja recaído qualquer acusação de improbidade. Invariavelmente, os Provedores do Hospital são criticados apenas por aqueles que desejam seus lugares!
Os 15,76% que acreditam na administração “Municipal”, dão um voto que, em tese, tem sentido. Ou seja, sendo o Prefeito o gestor da Saúde, colocaria lá um “homem dele”, pondo fim à eterna celeuma. Qualquer Prefeito adoraria isto.
O problema é a irresponsabilidade do empreguismo político.
Todos ainda se lembram da fatídica Medida Liminar que colocou o Hospital, por alguns meses, nas mãos do Prefeito. Ao ser reinstalado na Provedoria, por decisão do TJMG, José Valverde Alves revelou-me ter encontrado o quatro funcional que deixara inflado em cerca de 45%, com a admissão de 82 (oitenta e dois) novos funcionários, apaniguados... Pode, uma coisa desta?
Infelizmente o político honesto existe, mas esta não é a regra; é a exceção.
Em verdade, falta aos votantes o dado fundamental: a honestidade dos Provedores eleitos pelo Conselho, paradoxalmente, alimenta a crise com a Administração Municipal porque impede o uso da Instituição como cabide de emprego. É que são mais de 200 (duzentos) postos de trabalho, dentro de uma cidade pequena como a nossa, a não render dividendos políticos para o Alcaide de plantão! Isto incomoda que só vendo!
Os 13,79% que optariam por um Administrador indicado pela Associação Médica, também votaram com inteligência e boa-fé. Sem dúvida, a Associação Médica é uma grande e leal colaboradora do Hospital. Até automóvel para o Hospital fazer rifa ela já doou, reformou segmentos do Hospital etc.
A parte tecnicamente afeta à medicina, no Hospital, entretanto, já é de responsabilidade do Diretor Clínico – sempre um médico. E não consta que a CCL tenha problemas imputáveis à administração dessa área técnica. O problema existente sempre foi administrativo-financeiro. Qualquer mudança a fazer, só terá sentido se for para agregar proficiência técnica à parte de gestão. O que não é, exatamente, tarefa para um médico, como não o seria para um físico nuclear, para um comandante de Boeing, para um sociólogo ou para um poeta. Administrar hospital é tarefa para um bom Administrador Hospitalar. A Fundação Getúlio Vargas – para só citar um exemplo – ministra cursos na área; quem quiser especializar-se, está lá.
Por último, 8,87% votaram pela Estadualização. O número baixo de votantes por certo se explica na inviabilidade da fórmula e por tudo que se sabe de hospitais públicos, de uma maneira geral. No caso da nossa Casa de Caridade, algo inteiramente fora de cogitação.
Interpreto, pois, a pesquisa do LEOPOLDINENSE como muito positiva ao indicar a melhor fórmula de dar boa gestão ao nosso Hospital: entregá-lo a uma empresa especializada. É fazer isto e procurar apaziguar os corações exaltados por interesses contrariados.
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(Publicado em janeiro de 2012 no jornal LEOPOLDINENSE Online)
terça-feira, 1 de maio de 2012
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